Como visto no filme “Código de Conduta” a justiça, assim
como o Direito em si, pode ter várias significações, de acordo com o ponto de
vista da pessoa atingida por ela. No início do filme, um acordo realizado com o
falso assassino pareceu justo ao promotor, enquanto o homem que perdeu sua
família se viu diante da maior de todas as injustiças. Sendo assim, como
podemos conceituar “justiça” com universalidade para que ela possa se enquadrar
em todas as áreas da sociedade?
Segundo
princípios do Direito, justiça é dar a cada um aquilo que ele merece, se merece
o bem, que receba o bem, se merece o mal, que receba o mal. Injustiça seria dar
o bem para uma pessoa que fez o mal, pois dessa maneira, não se teria nenhuma
motivação para praticar o bem. Contextualizando essa ideia com o filme, o homem
que perdeu a sua família foi injustiçado, pois o verdadeiro assassino saiu livre
da situação, recebendo o bem mesmo tendo praticado o mal.
Diante
dessa situação, o protagonista se viu num beco sem saída, e acreditando que “alguma
justiça” não é nada melhor do que “nenhuma justiça”, resolveu fazê-la com as
próprias mãos, por meio da vingança. Porém, acreditando que estava fazendo algo
para vingar a morte de sua família, o protagonista matou dezenas de pessoas,
com forma de perseguição ao promotor que não levou o caso adiante. Essa
situação, justificável pela dor e sofrimento do homem que viu sua esposa e sua
filha serem mortas na sua frente, acaba sendo equivalente, no plano objetivo,
ao ato cometido pelo assassino, enquanto no plano subjetivo, pode se tornar
aceitável devido à dor a falta de
empenho e justiça dos profissionais responsáveis pelo caso. Eis aqui a grande
pergunta que o Direito ainda não encontra resposta: como condenar alguém
acusado de matar o assassino de sua família?
Para a credibilidade e manutenção
do bom funcionamento do sistema judiciário é preferível que alguma justiça seja
feita em vez de nenhuma, para trazer a falsa percepção de que o sistema está em
ordem e funcionando cada vez melhor. A diminuição dos processos em andamento
das imensas prateleiras dos fóruns também é um sinal dessa “realização da
justiça”. Ela traz a sensação de que os casos estão sendo julgados com cada vez
mais rigor e que o sistema está funcionando com cada vez mais eficiência,
porém, se analisarmos a fundo, nem sempre é isso o que acontece.
Nenhum comentário:
Postar um comentário