Na sociedade pós-moderna é fácil constatar que os interesses privados prevalecem sobre os interesses públicos. O homem se preocupa cada vez menos com o que é público e foca sua atenção unicamente em seus próprios interesses.
Pode ser que o espírito neoliberal tenha contribuído para esse individualismo extremo e para a exclusão da percepção da esfera pública. Contudo, vale ressaltar que responsabilizar o “sistema” pelas atitudes humanas é extremamente confortável; isto é, culpar um ente abstrato é cômodo e forja um esclarecimento do problema, uma vez que identifica um culpado diferente do ser humano.
Essa extrema valorização do privado abrange todas as esferas da sociedade, inclusive a política. Verifica-se que as decisões políticas são tomadas com base em interesses privados em detrimento das preocupações públicas. Materializando tal raciocínio, há a questão da politização do judiciário. Ela ocorre, pois, se interesses privados fundamentam o agir do legislativo, o interesse público apela para o Direito (leia-se judiciário). Ou seja, desesperançosa com a política, a sociedade recorre ao Direito e este passa a cumprir tarefas que não lhe cabem.
Nota-se, assim, a colonização do público (legislativo) por interesses privados e a transferência de funções, uma vez que o Direito passa a exercer papel político. Portanto, é claro que há uma confusão dos limites do que é publico e do que é privado. Tal configuração demonstra a complexidade da ordem moderna relatada por Max Weber.
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