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quarta-feira, 29 de junho de 2011

Natureza e Verdade

O filósofo Francis Bacon (1561-1626), na tentativa de promover uma "grandiosa restauração do saber e da ciência", busca implantar um novo método para a produção e recuperação do Conhecimento. Criticando o escolastiquíssimo, Bacon descreve em sua obra Novum Organum maneiras para se alcançar a vitória sobre a natureza e dominar a Verdade.
Acreditando no poder indutivo do homem, vale-se de que o melhor caminho para a descoberta da Verdade é aquele que, partindo de dados particulares, chega-se aos dados gerais. Também ressalta a tamanha importância de se buscar recursos para auxiliar o intelecto, para garantir menos falhas no raciocínio. Bacon afirma que um intelecto sem auxílios e não regulado não pode superar a obscuridade das coisas.
Em seu método, Bacon rejeita ideologias, fantasias, religiosidade e misticismo, julgados como fatores que contaminam a mente humana e corroboram para que se chegue a falsas conclusões. O homem deve se dispor a observar a natureza desprendido de qualquer "pré-conceito", para que seu julgamento sobre os fatos e experiências sejam guiados por um raciocínio "limpo".
O filósofo destaca a existência de quatro gêneros de ídolos que, se não bloqueados pela verdadeira indução, podem ser maléficos à mente humana e interferir na Interpretação da Natureza. São eles: ídolos da tribo - quando se toma por verdade aquilo que foi captado pelos sentidos; ídolos da caverna - em uma ilusão à caverna platônica, refere-se aos princípios, educação ou convenção de cada indivíduo; ídolos do foro (da vida pública) - diz da relação social do homem e do consequente uso das palavras, que podem gerar compreensões distintas em cada ser e provocar o erro; e, finalmente, ídolos do teatro - aquilo que é passado aos homens, seja como doutrina, tradição, regra, costume, que entra em vigor sem qualquer questionamento.
Bacon prega o extremo cuidado que o homem deve ter ao produzir conhecimento, uma vez que seus sentidos e suas "paixões" podem afetá-lo de modo a conduzi-lo a uma conclusão que lhe favoreça, mas nem sempre verdadeira. Por isso, muitos tentam fundamentar uma filosofia a partir de experiências próprias pouco válidas, uma vez que foram afetadas por suas fantasias e/ou princípios.
Em suma, a jornada que leva ao domínio sobre a Verdade, bem como sobre toda a natureza, requer a união entre a capacidade indutiva humana ("engenho") e o uso auxiliado do intelecto somado à análise contínua e rigorosa de experimentos e seus efeitos.

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