No século XX, período em que se traçavam as diretrizes do estudos em ciências sociais, numa corrente que as desvencilhava, em termos, da recepção de métodos das ciências naturais, destaca-se a importância do sociólogo Max Weber.
Em sua produção teórica, Weber critica o determinismo científico, ou seja, a proposta de estabelecer normas gerais, leis que seriam aplicáveis a qualquer fato concreto. Nesse sentido, pode-se fazer inferência ao método positivo. Segundo esta corrente, utilizam-se os ‘instrumentos’ das ciências naturais nas sociais, isto é, a sociedade passa a ser explicada matematicamente, com o uso de leis que definem o regimento desse corpo coletivo.
Ainda em linha de raciocínio semelhante, o referido autor discute a validade do dogma do materialismo histórico. Para Karl Marx, todas as relações humanas e materiais, fatos ocorridos, reduzem-se a um denominador comum, que estrutura tudo: a economia. Assim, a explicação causal de um fenômeno histórico contém a intervenção dos aspectos econômicos.
Weber, em contrapartida, promovendo uma ruptura com tais concepções, propõe a análise da sociedade segundo “critérios de compreensão”. De início, menciona-se a relação entre sujeito e objeto: o homem (sujeito) analisará as ações dos seus semelhantes (objeto). Todavia, de forma tal que compreenda os fatos de acordo com a visão do objeto; o observador não é impedido de ter valores, porém apenas não seria conveniente adotar uma postura que comprometa os resultados da pesquisa. Assim, essa pesquisa teria uma metodologia científica com caráter universal “de modo que um chinês (...) deva reconhecer a validade de um certo ordenamento conceitual da realidade empírica” (WEBER, Max. p.114).
Ademais, para a supracitada análise, cria mecanismos técnicos para proceder ao estudo da realidade social: os chamados “tipos ideais”. Tratam-se de conceitos, que não são cópias fieis do mundo real, mas que permitem ordenar a realidade do pensamento de maneira válida, objetivamente possível.
Assim, Weber defende o estudo das ações do homem. Este, por sua vez, é entendido como elemento construtor da sociedade, e detentor de comportamentos dotados de sentidos e orientados pela resposta de outros indivíduos. Cabe, então, à Sociologia compreender essas ações, em especial, a chamada ação social: agir humano orientado pela conduta do outro indivíduo; tem como ponto de partida um juízo de valor, um sentido, que pode ser uma emoção, algo pensado (interesses racionais) ou ainda, a tradição. Tais ações sociais, por conseguinte, classificam-se em: a) ação racional referente a fins (o ator possui um objetivo e lança mão de meios para atingi-lo, ter um resultado eficiente); b) ação racional referente a valores (a atitude é tomada tendo como motivo um valor, sendo fiel a uma crença, aceitando os riscos inerentes); c) ação afetiva (estimulada por afetos, paixões e estados emocionais do agente); d) ação tradicional (motivada por hábitos, costumes; ação feita por sempre ser realizada). Tais atitudes, ainda, não se isolam, mas promovem conexões com outras.
Dessa forma, nesse campo de estudo, as leis científicas não consistiriam em algo determinista, um fim, mas num primeiro passo na análise dos objetos. Esta, em seguida, iria prosseguir ao estudar as referidas combinações de fatores, conexões anteriores e futuras possibilidades. Além disso, não seria a economia única causa de toda a realidade. Porém, o próprio indivíduo construiria, por meios das ações que se relacionam, o meio social.
Diante da teoria exposta, sem dúvida alguma acredita-se que nossas ações refletem uma carga valorativa, um sentido(racional ou não)- muitas vezes compartilhados por outras pessoas. Além do mais, muito do que somos e temos são frutos de nossas escolhas, conexões realizadas. Por exemplo, os vestibulares: motivados por uma vaga universitária, foram exigidos empenho, dedicação e disciplina. O resultado? Nome na lista de convocados, e, então, acadêmicos. O problema, todavia, consiste na adoção de determinadas ações, despindo-se dos valores que se tem como certo simplesmente para integrar-se, ser bem visto num grupo social por exemplo(o que relembra Durkheim). Deve-se, portanto, ponderar os valores envolvidos numa situação, discernindo entre ser um sujeito agente ou paciente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário