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terça-feira, 20 de maio de 2025

Racismo como Processo Político e Histórico de Normatividade Institucionalizada

 



Max Weber, sociólogo alemão, sistematiza e organiza os estudos acerca da sociedade, a qual, para o estudioso, fundamentaria-se na análise e na compreensão pragmática dos valores e das expressões coletivas que mobilizam e orientam as ações dos indivíduos na realidade social. Dessa forma, para Weber, a interpretação das ações dos indivíduos deveria basear-se, fundamentalmente, nas formações coletivas, que se encontrariam enraizadas na mente dos diferentes grupos sociais, condicionando suas ações como uma autoridade normativa.


Sob essa ótica, o pensador estabelece o conceito de autoridade como uma expressão legitimada de poder sobre as diferentes formas de pensamento e conduta sociais. Assim, de maneira a compreender a ação no contexto das relações sociais, Weber reconhece que a legitimidade da autoridade pode ser garantida em uma base puramente subjetiva, por meio de uma aceitação meramente afetiva ou emocional; por meio da obediência à autoridade guiada pela crença religiosa; por meio da validação absoluta da autoridade como expressão de valores últimos obrigatórios. Ou garantida por uma base associada ao interesse próprio, na expectativa de consequências específicas de uma espécie particular. Nesse viés, na contemporaneidade, expressão da racionalização do poder e da dominação, diante da prevalência do cenário capitalista, tem-se a instrumentalização da autoridade normativa pela elite econômica e social, que visa cultivar a crença em sua legitimidade e, com isso, exercer a dominação legal e institucionalizada, privilegiando os seus próprios interesses em detrimento da demanda dos demais grupos, marginalizados socialmente.


Diante desse cenário, em sua obra “O que é racismo estrutural”, Silvio Almeida estende o conceito de autoridade, segundo Weber, para as relações contemporâneas. Por conseguinte, ao definir a característica determinista da sociedade moderna, na qual a noção de raça, ainda utilizada como fator político, serve para naturalizar desigualdades e legitimar a segregação e o genocídio de grupos minoritários, o autor da obra reafirma o caráter institucional dos conflitos raciais, visto que se trata não apenas de ações de grupos isolados, mas sim de mecanismos políticos e econômicos aplicados pelas instituições, governadas para manter a hegemonia do grupo racial composto pela classe dominante -branca- no poder. Logo, para isso, através de sua autoridade normativa, legitimada socialmente, as instituições, por meio de seus autores, perpetuam conhecimentos, valores, práticas e normas os quais materializam o racismo como uma prática natural em toda a sociedade, tornando-o um componente orgânico e necessário à limitação de pessoas negras em espaços de poder e de decisão- fato comprovado pelo estudo da Diversitera, segundo o qual apenas 1% dos negros ocupam cargos de alta liderança- privando-as de seus direitos, bem como de ascender socialmente, ocupando lugares sociais restritos a uma pequena parcela da população- branca e heteronormativa- que exerce a dominação do quadro administrativo burocrático através da autoridade exercida sobre a ação social da coletividade.


É perceptível, portanto, que as estruturas sociais são historicamente marcadas pela legitimação popular de autoridades institucionais excludentes e discriminatórias, que conduzem políticas segregacionistas mediante a racionalização administrativa e a naturalização de comportamentos desiguais.


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