No capítulo “Feuerbach: oposição entre a concepção materialista e a idealista”, Karl Marx e Friedrich Engels mostram que as ideias não surgem do nada nem comandam sozinhas a história. Eles afirmam que são as condições materiais (como o modo de vida, o trabalho e as relações sociais) que formam a consciência das pessoas. Em outras palavras, não são as ideias que moldam a realidade, mas a realidade concreta que é vivida todos os dias que molda as ideias.
Eles criticam os filósofos idealistas, como Hegel, que acreditavam que a história era guiada pela razão ou pelo espírito. E também apontam que Feuerbach, embora tenha dado um passo à frente ao valorizar o mundo material, ainda via o ser humano de forma abstrata, sem considerar que ele vive em sociedade e em determinadas condições históricas. Para Marx e Engels, o ser humano precisa ser compreendido dentro das relações sociais e econômicas em que está inserido.
Essa forma de ver o mundo é chamada de materialismo histórico. Ela mostra que o trabalho e a forma como a sociedade organiza a produção são o que realmente determinam a cultura, a política, a religião e até os pensamentos das pessoas.
Um exemplo claro disso no Brasil é a forma como o trabalho informal e por aplicativos (como motoristas de Uber ou entregadores de iFood) é apresentado como uma “escolha livre” ou um “empreendedorismo”. A ideologia dominante tenta convencer a população de que esses trabalhadores são autônomos e têm liberdade. Mas, na prática, muitos trabalham longas horas por salários muito pequenos, sem direitos trabalhistas e sob forte pressão e instabilidade. A aparência de liberdade esconde a realidade de exploração em que o trabalhador é forçado a aceitar essas condições porque não tem outras opções de sobrevivência.
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