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sábado, 3 de maio de 2025

O voto é meu?

  Como você se sentiria se fosse um empregado de uma empresa pública da prefeitura de uma das maiores cidades de São Paulo há mais de quarenta anos, tivesse acabado de chegar do último serviço da semana, pronto para ter um fim de semana de descanso mais do que merecido por toda a sua labuta, e descobrisse que essa empresa estaria fechando as portas e demitindo mais de quatro mil funcionários?

  Devastado, certo? Mas a situação é ainda pior.

  Imagine que, meses antes desse anúncio, o então prefeito da cidade, buscando assegurar sua reeleição, foi a público “desmentir” boatos sobre o fechamento da empresa. Declarou que ela era “sólida”, “robusta”, “a alma da cidade”, e que era vital para o progresso e desenvolvimento do município.

  Dado o grau de dependência que uma empresa desse porte exerce sobre a estrutura urbana e sobre os trabalhadores e eleitores, a confiança gerada por essas declarações foi suficiente para garantir sua reeleição. No entanto, apenas quatorze dias após o término do processo eleitoral, o mesmo prefeito encaminhou à câmara municipal um projeto de lei que visava a extinção da empresa, alegando que ela gerava uma dívida multimilionária para os cofres públicos. O projeto foi aprovado, e a empresa, encerrada meses depois.

  Este claro caso de estelionato eleitoral é um ótimo exemplo para ilustrar a dominação que a classe burguesa exerce sobre a classe trabalhadora, que depende do trabalho material para garantir sua própria subsistência, e é, portanto, refém daquela que mantém o controle sobre os meios de subsistência desta, sejam eles econômicos ou políticos.

  Vale ressaltar também que esse mesmo prefeito, anos depois do ocorrido, foi destituído de seu cargo após ter sido condenado por improbidade administrativa em um processo no qual havia sido denunciado pelo ministério público por ter beneficiado a terceiros (seus amigos ricos) após exercer sua influência política a fim de destombar um casarão histórico da cidade, para que fosse então demolido e sido construído em seu lugar um estacionamento privado.

Yago Arbex Parro Costa – 1° ano de Direito – Noturno

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