No livro “O que é racismo estrutural?”, de Silvio Almeida, nos é explicado e explicitado sobre como o racismo se tornou estrutural em nossa sociedade e como isso afeta as dinâmicas sociais. Ainda, é dito que não se trata de apenas um ato discriminatório ou mesmo um conjunto de atos, mas que o racismo estrutural se trata de um processo em que condições de subalternidade e de privilégio se distribuem entre grupos raciais e que se reproduzem nos âmbitos da política, da economia e das relações cotidianas.
No mês de maio de 2025 houve um caso de racismo contra uma aluna bolsista no Colégio Mackenzie, na cidade de São Paulo, onde a menina foi encontrada desacordada no banheiro e está atualmente internada em um hospital. A mãe da vítima relata que sua filha sofria ataques racistas e bullying desde 2024, e que tentou comunicar a escola sobre o ocorrido, mas nenhuma providência foi tomada. Insultos como “cigarro queimado” ou “lésbica preta” eram alguns dos absurdos que a adolescente ouvia diariamente. Esse é apenas um caso dentre tantos que acontecem todos os dias no país, e evidencia o que Almeida diz em seu livro sobre como a questão da subalternidade se reproduz nos mais diversos âmbitos sociais.
Pensando nisso, é possível relacionar a teoria de Silvio Almeida e os tantos ocorridos do racismo com a teoria de dominação de Weber. Segundo o autor, a dominação é uma forma específica de poder social, em que uma vontade é obedecida por outros de maneira estável. Ou seja, trata-se de uma relação de poder legitimada. Podemos relacionar isso ao racismo quando analisamos como, mesmo que hoje hajam discussões acerca da problemática e certas medidas combatidas tenham sido tomadas, como a criminalização do racismo, esse problema ainda é de certa forma aceito por uma parcela da sociedade.
Ainda, para ser mais específico, a relação é mais forte no que Weber chama de dominação tradicional, aquela que é baseada nos costumes e tradições de um povo, em que as pessoas obedecem um concordam com algo já que “sempre foi assim”. O racismo foi instaurado na sociedade desde muito cedo, como com o colonialismo e o neocolonialismo, em que se difundiu o pensamento de inferioridade racial. Além disso, houve ainda o tal “racismo científico”, estabelecido na corrente positivista, onde acreditava-se que a pele não-branca e o clima tropical favoreciam o surgimento de comportamentos imorais, lascivos e violentos, além de indicarem pouca inteligência. Mesmo que depois a antropologia e biologia tenham provado que tais questões estão totalmente erradas, esse pensamento continua persistindo em nossa sociedade, e é até mesmo visto por alguns como algo normal.
Dessa forma, pode-se concluir que o racismo é estruturado e enraizado na sociedade moderna, mesmo com tantos avanços que vemos todos os dias, e que Silvio Almeida refletiu de maneira certeira sobre como esse problema é assimilado nos dias de hoje.
Nenhum comentário:
Postar um comentário