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sexta-feira, 23 de maio de 2025

A legitimidade weberiana e o racismo estrutural

    O professor Silvio Almeida, em seu livro "Racismo Estrutural", mais especificamente no capítulo "Raça e Racismo", trata da origem do conceito de raça ,trazendo-a como uma construção social e histórica, que serve como mecanismo de organização e hierarquização da sociedade e não como apenas um termo estático que distingue "categorias" de seres humanos. Ele argumenta também que o racismo não é um fenômeno fruto de atividades individuais mas sim um fenômeno que está estruturalmente intrínseco às instituições, normas e práticas sociais, ressaltando assim o conhecido termo racismo estrutural.

       Nesse sentido, o racismo estrutural é um fator utilizado para naturalizar preconceitos e, principalmente, legitimar a segregação enraizada na sociedade, tornando-a como uma parte "normal" do funcionamento do tecido social.Esse processo dialoga com a teoria de Max Weber,que entende a legitimidade como uma crença socialmente compartilhada que sustenta as formas de dominação , ao evidenciar que o racismo é sustentado por formas legítimas de dominação, como a autoridade racional-legal das instituições e a tradição histórica.Portanto, ao usar Weber, entendemos que o racismo estrutural se sustenta como uma forma de dominação legitimada, que se impõe não pela força bruta, mas pela aceitação social das hierarquias raciais, embutidas na cultura, nas normas e nas instituições.

        Entender e reconhecer essa dinâmica é essencial para que se desnaturalize a legitimidade conferida à desigualdade racial. Ao serem evidenciados os mecanismos pelos quais o poder se mantém e se reproduz, essa articulação teórica deixa claro que o combate ao racismo não pode se restringir ao campo moral ou jurídico, mas deve atingir as bases estruturais e simbólicas da sociedade. Romper com a legitimidade do racismo exige, portanto, um enfrentamento das formas tradicionais e institucionais de dominação que o sustentam.

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