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segunda-feira, 19 de maio de 2025

A “Legitimidade” do Racismo na Sociedade

  No livro “O que é racismo estrutural?”, Silvio Almeida estabelece uma diferença entre o racismo e a discriminação racial, sendo esta “a atribuição de tratamentos diferenciados a membros de grupos racialmente identificados”, enquanto aquele “uma forma de discriminação que tem a raça como fundamento”, portanto, o racismo se materializa com a discriminação racial e é definido pelo seu caráter sistêmico. É necessário pontuar que essa tem como fator necessário para a sua consecução a supremacia do poder estatal, que serve como meio para “legitimar” a instituição de políticas que visem a perpetuação da dominação racial no âmbito da sociedade.

  Essa “legitimidade”, segundo Weber, pode se dar de três maneiras: a de caráter racional (baseada na ordem legal, ou seja, positivada); a de caráter tradicional (pautada nos dogmas tradicionais de uma sociedade, passados de geração em geração); e a de caráter carismático (baseada no poder de convencimento que certas pessoas ou ideologias incidem nas pessoas). É necessário frisar que a dominação racial incide nas três esferas de “legitimidade” propostas por Weber.

  Para exemplificar, utilizaremos os trechos do livro de Silvio Almeida que versam sobre o racismo, junto de exemplos reais.

  A “legitimidade” de caráter racional se dá pelo uso do aparato burocrático-opressor para impor seus interesses políticos e econômicos, de forma a tornar a população oprimida em reféns do seu próprio sistema, isso se evidencia – de acordo com Silvio Almeida –  com o estabelecimento de parâmetros discriminatórios que servem para manter a hegemonia do grupo racial no poder, por meio da omissão de espaços em que se discuta essa disparidade racial nas instituições públicas, por exemplo.

  A “legitimidade” de caráter tradicional é evidenciada pelo contexto histórico de opressão perpetrada pela raça dominante desde as épocas do colonialismo que se perpetua até os dias atuais, essa classificação de legitimação conversa melhor com a “concepção individualista” de racismo que é conceituada como sendo uma visão sobre a raça em uma esfera comportamental dos indivíduos e suas atitudes racistas.

  Por fim, a “legitimidade” de caráter carismático é a que instiga a população pela aceitação e continuação do pensamento preconceituoso. Isso acontece quando líderes (religiosos, intelectuais ou políticos) averbam frases que condicionam as massas a terem opiniões miméticas sobre tais assuntos. Um exemplo disso é quando um ex-chefe do poder executivo, ao se referir sobre uma comunidade quilombola que visitou, disse: “O afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas. Não fazem nada! Acho que nem pra procriadores servem mais”. Ou quando o atual chefe do executivo diz que: “Afrodescendente assim gosta de um batuque, de um tambor”, ao se referir a uma trabalhadora negra, em uma cerimônia de anúncio de investimentos em uma fábrica.

Yago Arbex Parro Costa – 1° Ano de Direito (Noturno).

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