Na contemporaneidade, a produtividade tóxica tem se tornado uma das principais pautas de discussão. Isso ocorre porque muitos jovens, influenciados por rotinas desgastantes divulgadas por influenciadores digitais, acreditam que a melhor e mais fácil forma de prosperar está na ideia de produção máxima – ou seja, realizar diversas funções em um único dia como um símbolo de honra. Dessa maneira, reproduzem uma perspectiva profundamente capitalista que coloca os indivíduos como meros trabalhadores de suas próprias vidas, privando-os de períodos de descanso necessários para reflexões críticas sobre o contexto social em que vivem, adotando uma postura puramente individualista voltada para a ascensão pessoal.
Apesar dessa alienação voltada à conquista individual, observa-se um intenso pessimismo coletivo. Essa visão negativa gera uma descrença na transformação social. Segundo pesquisa do Financial Times de 2024, o conservadorismo tem crescido entre a população jovem masculina em diversos países, refletindo uma mentalidade mais desiludida em relação a movimentos que envolvem questões públicas. Esse cenário contribui para a manutenção de uma estrutura ultrapassada e reacionária, que deixa as pessoas alienadas e apolíticas.
Nesse contexto, é relevante considerar o pensamento do sociólogo americano Wright Mills, que discute a limitação do ser humano ao seu cenário imediato, sem conseguir acessar a “imaginação sociológica” necessária à compreensão do corpo social. Em outras palavras, ele não pratica a interpretação do espaço e do tempo em que está inserido, e tampouco reconhece sua própria capacidade transformadora. Como resultado, os cidadãos atuais se caracterizam por uma constante indiferença ao progresso coletivo, ao mesmo tempo em que se inquietam com as perturbações pessoais.
Ademais, as inúmeras desvantagens da falta de interesse pela história tornam-se evidentes em situações como a pandemia de coronavírus. O negacionismo científico e a negligência estatal resultaram na morte de milhares de pessoas ao redor do mundo, muitas das quais recusaram a imunização e priorizaram a economia em detrimento da saúde pública. Um exemplo histórico, como a Revolta da Vacina de 1904, mostrou que a desinformação foi determinante para a desconfiança na ciência e a propagação de doenças. Se lições do passado tivessem sido devidamente analisadas e o contexto de urgência sanitária interpretado corretamente, muitas mortes poderiam ter sido evitadas.
Portanto, a sociologia se apresenta como uma ciência essencial para o desenvolvimento e a sobrevivência humana. Quando o ser humano se foca exclusivamente em si mesmo ou preenche seu cotidiano com interesses pessoais, ele exclui a possibilidade de cultivar uma boa imaginação sociológica, o que o mantém preso a uma perspectiva sem esperança e conformista frente às injustiças e descasos sociais.
Nome: Camilly Isabele Mendes Agostinho
Turma: 1º ano Direito (Noturno)
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