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quinta-feira, 6 de abril de 2023

O perigo de uma história única que gera episódios de racismo no cotidiano

     Em "O Perigo de uma história única", Chimamanda Adichie, escritora nigeriana, conta que cresceu lendo histórias únicas e que muitas vezes não geravam identificação. Grada Kilomba, escritora com raízes em São Tomé e Príncipe, em seu livro "Memórias da plantação: episódios de racismo cotidiano" também enfatiza o fato de muitas vezes ser vista como subjetiva, não-científica, emocional e intepretativa demais. Ambas africanas, negras e com o mesmo sentimento: inadequação no meio acadêmico e, principalmente, na vida social.
         "As histórias são definidas por quem as conta, quando são contadas e por quem. Isso define quem tem o poder de gerar uma história definitiva". De fato, Adichie está certa, já que a maior parte das narrativas são contadas por brancos, europeus (ou norte-americanos) que utilizam desses discursos para se manterem no poder e invalidar o que negros têm a dizer. Infelizmente, o espaço científico é também um espelho do social, ou seja, inferioriza a "Outridade", deslegitima o sentimento de outros, em suma, é um local de violência. As duas escritoras vivenciaram esse silenciamento e essa brutalidade. Lamentavelmente não foram, nem serão as únicas...
         Essa história única pode ter sido defendida, dita e naturalizada por August Comte. Isso porque a visão determinista dele de que a vida em sociedade possui estágios e dependendo da fase que certa civilização estiver, ela é inferior, demonstra tal tese. Diferente desse positivismo arcaico, Durkheim crítica esse evolucionismo banal e analisa cada povo de acordo com a sua cultura. No entanto, só isso não foi capaz de evitar as violências passadas pelas africanas... Porém, ainda se pode pensar em uma consciência coletiva que vem mudando cada dia mais e reprimindo tal opressão.
             Em síntese, a sociedade é persuadida por uma história única que, muitas vezes é contada sempre pelas mesmas pessoas. E, por isso, inferioriza e despreza tudo o que é do outro: o sentimento, as palavras, os discursos... Portanto, a consciência coletiva não só tem que mudar de percepção, como também recuperar tudo aquilo que não ouviu por silenciar pessoas que tinham muito a dizer.
                                 Isabela Junqueira 1° ano Direito Matutino
                                 RA: 231223315
        

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