A sociologia, de forma simplória, costuma partir de 2 opções: o meio compondo os indivíduos ou os indivíduos compondo o meio. Através de diversas análises e mecanismos, os sociólogos tentam entender a sociedade sobre algum desses dois aspectos. Pautando-se em Émile Durkheim, é nítido a prevalência da sociedade sobre os indivíduos, logo, o meio compõem coercitivamente os indivíduos.
Nesse sentido, em tudo há uma origem coletiva, ou
seja, a dinâmica social que orienta e predispõe os seres. Não há uma
coincidência em pensamentos ou sentimentos iguais entre seres diferentes, já
que, no princípio, tudo parte da mesma força exterior, geral e coercitiva.
Sendo assim, através da educação, na infância, já são incorporados regras
sociais que certa sociedade quer que os indivíduos sigam.
Dessa forma, conforme o homem se adequa a essas regras
que lhe foram interiorizadas, ele acredita até que elas podem ser fruto de sua
própria elaboração, sem perceber a coerção que foi realizada pelo exterior ao
longo da sua vida.
Infelizmente, Durkheim, com seu funcionalismo, é capaz
de explicar como a sociedade dita diversos comportamentos de forma velada e
naturalizada. Dentro da história, como percebe-se com Grada Kilomba, no seu
livro “Memórias da plantação: episódios de racismo cotidiano”, é naturalizado
inferiorizar o negro e seu local de fala. Esses comportamentos estão tão
interiorizados e assimilados há tantos anos pelo indivíduos por uma pressão
exterior, geral e coercitiva da sociedade que torna-se difícil dissociar essas
regras embutidas inconscientemente. Desse modo, analisar o mundo, de forma
sociológica, é despir-se dessas assimilações construídas historicamente, mas
não é fácil. Simples é permitir que o que já está generalizado, ou seja, as
coerções passadas cheias de preconceitos, permaneça regendo a sociedade, mesmo
que de uma forma coercitiva, na qual poucos conseguem se livrar.
Sendo assim, como a sociedade constrói os indivíduos,
usando de sua coerção, exterioridade e generalidade para interiorizar regras,
deveria ser possível fazer isso com inserção de avanços humanitários. Nesse
viés, através de uma consciência coletiva, seria possível que a sociedade
interiorizasse noções de igualdade racial e igualdade de gênero. Assim, o meio
seria capaz de compor indivíduos humanos, conscientes e livres de conceitos
coercitivos preconceituoso da história que a humanidade percorreu. Entretanto, essa
possível realidade, ainda utópica, romperia com hierarquias e poderes já pré-estabelecidos.
Por isso, parece distante demais ainda.
Laís Tozzi Muraro - 1° ano Direito (matutino)
RA: 231221304
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