Total de visualizações de página (desde out/2009)

quarta-feira, 18 de maio de 2022

A liberdade de amar e o poder da coerção


 

De acordo com Durkheim a sociedade é pautada na busca por harmonia, sendo assim sempre visa manter sua coesão, analogamente a um organismo vivo que luta contra a entropia para se manter vivo, e o instrumento utilizado nas sociedades para isso são as instituições como família, escola, igreja as quais internalizam os costumes, as regras, fazendo com que estas sejam respeitadas inerentemente, de modo que o indivíduo acredite que adota determinadas condutas por vontade própria não porque foi ensinado a agir daquela forma. Desse modo, quando há uma conduta que quebra com os padrões pré-estabelecidos há uma resistência social, um medo de rompimento dessa harmonia, já que essa quebra levaria a um estado de anomia e como forma de proteção a sociedade utiliza sua capacidade de coerção a qual em seu ápice é a agressão física e por consequência o linchamento. 

Um exemplo desse poder coercitivo utilizado mediante fatos socias que de certa forma vão contra o padrão historicamente estabelecido é a agressão tanto física quanto verbal a pessoas que expressam livremente sua sexualidade quando essa não é heteronormativa. No momento em que um indivíduo exerce sua liberdade de amar e esse amor não é aquele institucionalizado, a reação da sociedade pautada no medo de quebra da família, no incômodo preconceituoso, no pavor de que aqueles ideais sob os quais foram educados se percam, é extremamente violenta, a fim de colocar aquelas pessoas de volta no que foi predeterminado como correto e natural. Sendo assim, o ato de ver duas pessoas do mesmo sexo em uma relação amorosa, provoca em pessoas mais conservadoras um medo de que a coesão social se rompa e por isso deve ser combatido de todas as formas possíveis.  

Essa resistência a mudança pautada muitas vezes no medo da anomia faz com que preconceitos arrastados durante séculos continuem vigorando e que as lutas para a conquista de uma maior liberdade sejam marginalizadas e até mesmo perseguidas por pessoas que acreditam que a harmonia está na preservação dos valores. Para Durkheim, a existência de pessoas que contrariam essa forma já determinada de organização social evidência o fracasso das instituições, as quais não foram capazes de inserir naquele indivíduo as regras que regem a sociedade. Por conta desse pensamento que, atualmente, o Brasil é um dos países que mais mata homossexuais no mundo, uma vez que algumas pessoas se julgam no direito de realizar a coerção na sua mais cruel face a do linchamento. 

Marina Cassaro 

Nenhum comentário:

Postar um comentário