Ciência Social ou Ciência para algumas sociedades?
O Positivismo, ciência social
criada por Auguste Comte em meados do século XIX após as crises sociais que explodiram
na europa, pode ser dada como a corrente de pensamento mais evoluída para o
estudo e compreensão da sociedade. Com a sua linha de pensamento pautada na ideia
de que a humanidade deve sempre ser ordenada ao progresso, através do estudo
empírico, administrada pela Metodologia cientifica, em substituição das ideias meramente
teológicas sem embasamento advindo da razão.
Todavia, ainda que esta corrente se apresente
como a mais coerente, é necessário destacar que sua aplicabilidade pode ser
tida como um tanto embaraçosa, pois sua análise supérflua ignora as dinâmicas
sociais individuais de cada sociedade e, além disso, não busca analisar problemáticas
ascendentes na atualidade através de seu fundamento histórico, ou seja, a natureza
destas agruras são, simplesmente, ignoradas. Em outras palavras, o Positivismo não
visa analisar os fenômenos sociais de forma individual, pois acredita apenas na
defesa da moral, centralidade e normalização, tendo estes fenômenos como peças
que movimentam a grande máquina chamada “Sociedade”. Sendo assim, pode se dizer que os problemas sociais
que hoje perduram, não possuem auxílio algum do positivismo para sua compreensão.
Logo, um questionamento que deveria ser pautado é: O Positivismo é uma ciência
social ou é a ciência de apenas algumas sociedades?
Um país capaz de exemplificar
esta ideia é o Brasil, pois a construção da República no país foi fundamentada
nas ideias positivistas e, atualmente, é estampada em sua bandeira o conceito
de “Ordem e progresso” como lema do povo brasileiro. No entanto, como é possível
estabelecer o que é Ordem em um país com tantas disparidades historicamente prejudiciais
para o “progresso” de sua sociedade? Ademais, o que foi estabelecido como “progresso”?
A resposta para isto seria sustentada através do conservadorismo defendido pelo
positivismo e a centralidade num padrão de sociedade que siga os preceitos
morais por ele estabelecido, no entanto, estes não respeitam as divergências ou
os movimentos sociais do país. Para as ideias de Comte, racismo, homofobia, desigualdades
sociais e demais preconceitos são consequências naturais que emergem durante o
desenvolver da sociedade. Deste modo, os movimentos que visam mitigar estas agruras
são tidos apenas como subversões do progresso e perturbam a ordem natural.
Assim, percebesse o quão equivocado
é assumir o Positivismo como guia para o desenvolvimento da humanidade, uma vez
que suas ideias não buscam atender aos divergentes fenômenos sociais, apenas estabelecer
um padrão de sociedade ideal, baseado numa sociedade europeia encontrada pós
Revolução Industrial.
Isabella Carvalho Silva
Direito - Matutino | Turma XXXIX
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