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sábado, 23 de abril de 2022

Ciência Social ou Ciência para algumas sociedades?

 

Ciência Social ou Ciência para algumas sociedades?

O Positivismo, ciência social criada por Auguste Comte em meados do século XIX após as crises sociais que explodiram na europa, pode ser dada como a corrente de pensamento mais evoluída para o estudo e compreensão da sociedade. Com a sua linha de pensamento pautada na ideia de que a humanidade deve sempre ser ordenada ao progresso, através do estudo empírico, administrada pela Metodologia cientifica, em substituição das ideias meramente teológicas sem embasamento advindo da razão.

 Todavia, ainda que esta corrente se apresente como a mais coerente, é necessário destacar que sua aplicabilidade pode ser tida como um tanto embaraçosa, pois sua análise supérflua ignora as dinâmicas sociais individuais de cada sociedade e, além disso, não busca analisar problemáticas ascendentes na atualidade através de seu fundamento histórico, ou seja, a natureza destas agruras são, simplesmente, ignoradas. Em outras palavras, o Positivismo não visa analisar os fenômenos sociais de forma individual, pois acredita apenas na defesa da moral, centralidade e normalização, tendo estes fenômenos como peças que movimentam a grande máquina chamada “Sociedade”.  Sendo assim, pode se dizer que os problemas sociais que hoje perduram, não possuem auxílio algum do positivismo para sua compreensão. Logo, um questionamento que deveria ser pautado é: O Positivismo é uma ciência social ou é a ciência de apenas algumas sociedades?

Um país capaz de exemplificar esta ideia é o Brasil, pois a construção da República no país foi fundamentada nas ideias positivistas e, atualmente, é estampada em sua bandeira o conceito de “Ordem e progresso” como lema do povo brasileiro. No entanto, como é possível estabelecer o que é Ordem em um país com tantas disparidades historicamente prejudiciais para o “progresso” de sua sociedade? Ademais, o que foi estabelecido como “progresso”? A resposta para isto seria sustentada através do conservadorismo defendido pelo positivismo e a centralidade num padrão de sociedade que siga os preceitos morais por ele estabelecido, no entanto, estes não respeitam as divergências ou os movimentos sociais do país. Para as ideias de Comte, racismo, homofobia, desigualdades sociais e demais preconceitos são consequências naturais que emergem durante o desenvolver da sociedade. Deste modo, os movimentos que visam mitigar estas agruras são tidos apenas como subversões do progresso e perturbam a ordem natural.

Assim, percebesse o quão equivocado é assumir o Positivismo como guia para o desenvolvimento da humanidade, uma vez que suas ideias não buscam atender aos divergentes fenômenos sociais, apenas estabelecer um padrão de sociedade ideal, baseado numa sociedade europeia encontrada pós Revolução Industrial.


Isabella Carvalho Silva 

Direito - Matutino | Turma XXXIX


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