Positivismo
e a exclusão social
O
positivismo é uma corrente filosófica que se originou na França no começo do
século XIX. A necessidade da criação de uma ciência que explicasse uma complexa
sociedade marcada por agitações socais, incluindo a ascensão da burguesia, o início
de um governo liberal e diversas revoluções, impulsionou pensadores, como o
Auguste Comte, a criarem essa teoria. Comte, ao recuperar o método científico
de Francis Bacon e de René Descartes,
apresentou leis fundamentais que sistematizariam a sociedade vigente e, assim,
colaborariam para atingir a estabilização e o equilíbrio social. Sendo assim, o
positivismo é conhecido pela criação de uma nova ciência da sociedade que visa
um funcionamento harmonioso.
Entretanto, estudiosos apontam críticas para essa teoria, que
não apenas foi utilizada durante o período de sua criação, mas também é
utilizada atualmente por diversos governos. A ideia principal do
positivismo não contempla as distintas identidades grupais presentes em uma
sociedade, ou seja, idealiza um bem-estar social restrito a uma parcela da
população.
Um
exemplo utilizado para sustentar essa crítica é o uso do positivismo nos
processos do imperialismo. Os colonizadores, como os portugueses no Brasil,
recorriam a essa teoria como justificativa para levar aos povos teológicos e
místicos (indígenas) o estágio positivo. Desse modo, os colonizadores dizimaram
uma parcela da população indígena, impuseram a cultura europeia e, assim,
apagaram as culturas locais que até os dias atuais sofrem com a marginalização;
ou seja, o positivismo utilizado dessa maneira pode gerar consequências negativas
para uma sociedade por diversos séculos.
Ademais,
atitudes como as realizadas pelos portugueses durante o processo de colonização
do Brasil também são observadas em governos contemporâneos, porém em uma escala
distinta. A atual negação de políticas públicas para povos indígenas, com a
justificativa de obrigar esses grupos a se inserirem na civilização de estado
de progresso, que pela teoria todos deveriam estar, é uma ação pautada no
positivismo que gera diversos problemas sociais. Essa ação foi realizada em
julho de 2020 por Jair Bolsonaro, presidente do Brasil. Bolsonaro, ao vetar o
acesso facilitado a auxilio emergencial e água a indígenas durante a pandemia do
corona vírus, concretiza a principal teoria do positivismo de obrigar esses grupos
a se inserirem na civilização urbana, que tem acesso a esses auxílios governamentais
pelo acesso à internet, e de, portanto, excluir a cultura tradicional indígena dos
povos brasileiros.
Sendo
assim, é notória a necessidade de uma avaliação crítica de todas as teorias cientificas
apresentadas. Mesmo que o positivismo tenha revolucionado o campo da sociologia
e a administração governamental, essa corrente também possui falhas que devem
ser estudadas, a fim de evitar consequências sociais negativas, como a negação
da cultura indígena no brasil.
Referência:
Brasil de Fato; Bolsonaro veta acesso facilitado a auxílio emergencial e
água a indígenas na pandemia; 08 de Julho de 2020 às 08:49; Disponível
em: <https://www.brasildefato.com.br/2020/07/08/bolsonaro-impoe-16-vetos-ao-plano-emergencial-contra-covid-em-territorios-indigenas >; Acesso em: 22 de Julho de 2020
Júlia Alves Bensi – Direito
matutino
Talvez o positivismo como foi pensado pudesse alcançar a todos de forma igualitária sempre, mas o governante ou detentor do poder o utiliza, muitas vezes, para obter fins escusos de seu proprio interesse ou grupo do qual participa, em detrimento ao outro da relação.
ResponderExcluir