Dessa forma, podemos estabelecer inúmeras analogias entre a teoria durkheiminiana e situações contemporâneas que exemplificam e provam a veracidade da teoria do sociólogo francês. Um exemplo de fato social são os estereótipos de gênero. Desde milênios atrás, foi institucionalizado que homens devem se portar de uma maneira e mulheres de outra completamente diferente. Aqueles que fugirem dessa regra, serão duramente criticados e sofrerão sérias represálias. As origens dessa estereotipação deita raízes na religião, envolvendo a discussão da reprodução humana e a forma como a Igreja, originalmente a Católica, tratou de lidar com isso. Aqui evidencia-se a origem desse fato social: geral pois todos os indivíduos eram obrigados a seguir, sem exceções, externo pois não foi criado por um indivíduo e sim por uma sociedade e coercitivo por seu caráter obrigatório e quem não seguia era punido
Por sorte, os movimentos de contracultura que começaram a emergir na segunda metade do século XX contribuíram significativamente para uma desconstrução desse fato social. Hoje, não podemos dizer que vivemos num mundo livre disso, mas felizmente é possível notar que mais do que nunca o ser humano vem aceitando a opção do outro em se portar da maneira que achar melhor. Um dos principais pontos da teoria de Durkhheim é que a sociedade molda o indivíduo por meio do fato social. O que podemos ver no mundo contemporâneo é que, primeiro, a teoria está correta, segundo, cada vez mais as pessoas lutam para fugir disso e sair da dominação dos estereótipos. Ou seja, cada vez mais o ser humano toma consciência de que o fato social não é necessariamente bom (pode ser), e assim ocorre uma onda de um certo individualismo benéfico à sociedade: cada vez mais as pessoas estão parando de seguir as ordens da sociedade de como se portar e estão cuidando de agir conforme as próprias vontades.
Por óbvio, existem fatos sociais que são benéficos e não precisam ser superados. É o caso da lei. As normas que regem uma nação também são externas, coercitivas e gerais. Contudo, ao contrário dos esterótipos de gênero, as leis são criadas para ajudar a organizar uma sociedade, estabelecendo limites e regras que ajudam no bom convívio e funcionamento dentro de um país. Assim, fica claro que o fato social em si não é necessariamente um mal (como é o caso dos estereótipos de gênero), podendo ser proveitoso. No entanto, aqueles que traduzem um preconceito, uma visão maldosa que venha a incomodar, ferir ou desagradar a outrem, esses sim merecem ser desconstruídos e superados por meio deste individualismo benéfico.
Mateus Restivo de Oliveira
Direito - Diurno - UNESP
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