No início do
mês de julho, após quatro meses de fechamentos dos comércios, devido a pandemia
que se arrasta desde o começo de 2020, a prefeitura do Rio de Janeiro,
autorizou a abertura dos bares na zona sul da cidade. Fotos, vídeos e
depoimentos de moradores preocupados estamparam as principais capas de revista
e noticiários nas manhãs seguintes. As ruas do Leblon, lotadas de pessoas,
aglomeradas, sem distanciamento social e sem o uso de máscara, em total
desrespeito ao distanciamento social marcam o triste episódio.
O contexto de
calamidade pública que o mundo vive, decorre das altas taxas de transmissão do
novo vírus. Assim, enquanto os estudos referentes ao combate de tal doença não são
promissores, o distanciamento social imposto em todos os países do mundo, se
torna a única ferramenta para conter a proliferação e consequentemente a
ocorrência de novas mortes. Entretanto, as fotos e vídeos que repercutiram na
virada do mês, demonstra a falta de solidariedade com o outro em momentos como
este.
A
solidariedade segundo o dicionário Aurélio refere-se à qualidade do ser de
demonstrar sentimentos de empatia com o outro. Porém, tal termo já se fez presente
em outras circunstâncias. De acordo com o sociólogo francês Émile Durkheim, em
seu livro Da Divisão Social do Trabalho, utiliza a ideia de solidariedade para
auxiliar na conceituação da teoria funcionalista. Embora, tal termo esteja
desvinculado de sensações, a solidariedade orgânica, como define o francês,
refere-se ao agir dos indivíduos para o equilíbrio social.
A ideia por
trás do equilíbrio social, proposto por Durkheim se relaciona com o progresso
da sociedade. O sociólogo do final do século XIX observa em ascensão a
pluralidade social, isto é, os indivíduos que compõem a sociedade no início do
século XX diferem-se um dos outros. Os atores sociais são plurais. Os agentes
são diferentes. Portanto, Durkheim concluí, que a solidariedade da pós
modernidade se caracterizaria pela individualização crescente da sociedade - o
que de fato ocorreu - assim como o altruísmo múltiplo dos seres para o bem
social – a utopia durkheimiana.
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