Após assistir ao filme Ponto de Mutação e
participar do debate sobre ele em aula, cheguei a uma ideia que até então nunca
havia me ocorrido: a de as ciências exatas não existem. Imagino o choque da
maioria ao ler essa frase. Nós temos a tendência de supervalorizar áreas do
saber como a Matemática e a Física, ao passo que menosprezamos outras, como a
Filosofia e a Sociologia. E é exatamente por isso que a minha afirmação causa
tamanho estranhamento.
O que quero dizer com ela não é que esse
tipo de ciência não seja importante. Para citar um único exemplo, de centenas
possíveis, em que as exatas provaram a sua importância, podemos falar da
descoberta dos raios X. Se a Física não tivesse reconhecido a sua existência,
um incontável número de vidas já teria sido desperdiçado, uma vez que essas ondas
compõem um dos tratamentos contra o câncer.
Dessa forma, não pretendo questionar a
relevância das exatas para a solução de problemas, bem como para o entendimento
do mundo, mas sim a sua separação das humanas, constituindo-se assim dois
campos diametralmente opostos e incomunicáveis. Quando o filme trouxe a Teoria
Geral dos Sistemas, oriunda da Ecologia e que tem como uma das suas bases o
intercâmbio entre as ciências naturais e sociais, me veio à mente o seguinte
pensamento, por que não estender essa teoria a todas às áreas do conhecimento?
Creio que todas as áreas são naturalmente
ligadas e interdependentes entre si. Entretanto, me parece que há algo maior,
que rege todos esses setores, fazendo com que eles confluam para um mesmo
sítio. E isso seriam as ciências humanas e sociais. É aqui que minha fala
inicial se apresenta, na medida em que, na prática, não há nada que pode ser
separado das humanas. Na sociedade capitalista atual, qualquer coisa que não
sirva, pelo menos em alguma instância, para aumentar o lucro das empresas e dos
Estados é vista como inútil e acaba ficando sem apoio. Ou seja, os sucessos que
as exatas atingiram só foram possíveis pois tinham alguma aplicação palpável.
Se eles tinham alguma aplicação, é porque a sociedade e as pessoas abarcadas
por ela foram atingidas. Se elas foram atingidas, é porque haverá um efeito
social sobre elas, assunto este que é objeto das humanas. Portanto, em última
análise, pode-se concluir que não importa do que o estudo se trata, seu fim irá
sempre convergir para a sociedade e, deste modo, irá convergir para o campo das
humanas. Assim, de uma perspectiva pragmática, afirmo que não existem ciências
exatas.
Thiago Campolina de Sousa – Direito Diurno
(1° ano)
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