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sábado, 14 de março de 2020

Não Existem Ciências Exatas


Após assistir ao filme Ponto de Mutação e participar do debate sobre ele em aula, cheguei a uma ideia que até então nunca havia me ocorrido: a de as ciências exatas não existem. Imagino o choque da maioria ao ler essa frase. Nós temos a tendência de supervalorizar áreas do saber como a Matemática e a Física, ao passo que menosprezamos outras, como a Filosofia e a Sociologia. E é exatamente por isso que a minha afirmação causa tamanho estranhamento.
O que quero dizer com ela não é que esse tipo de ciência não seja importante. Para citar um único exemplo, de centenas possíveis, em que as exatas provaram a sua importância, podemos falar da descoberta dos raios X. Se a Física não tivesse reconhecido a sua existência, um incontável número de vidas já teria sido desperdiçado, uma vez que essas ondas compõem um dos tratamentos contra o câncer.
Dessa forma, não pretendo questionar a relevância das exatas para a solução de problemas, bem como para o entendimento do mundo, mas sim a sua separação das humanas, constituindo-se assim dois campos diametralmente opostos e incomunicáveis. Quando o filme trouxe a Teoria Geral dos Sistemas, oriunda da Ecologia e que tem como uma das suas bases o intercâmbio entre as ciências naturais e sociais, me veio à mente o seguinte pensamento, por que não estender essa teoria a todas às áreas do conhecimento?
Creio que todas as áreas são naturalmente ligadas e interdependentes entre si. Entretanto, me parece que há algo maior, que rege todos esses setores, fazendo com que eles confluam para um mesmo sítio. E isso seriam as ciências humanas e sociais. É aqui que minha fala inicial se apresenta, na medida em que, na prática, não há nada que pode ser separado das humanas. Na sociedade capitalista atual, qualquer coisa que não sirva, pelo menos em alguma instância, para aumentar o lucro das empresas e dos Estados é vista como inútil e acaba ficando sem apoio. Ou seja, os sucessos que as exatas atingiram só foram possíveis pois tinham alguma aplicação palpável. Se eles tinham alguma aplicação, é porque a sociedade e as pessoas abarcadas por ela foram atingidas. Se elas foram atingidas, é porque haverá um efeito social sobre elas, assunto este que é objeto das humanas. Portanto, em última análise, pode-se concluir que não importa do que o estudo se trata, seu fim irá sempre convergir para a sociedade e, deste modo, irá convergir para o campo das humanas. Assim, de uma perspectiva pragmática, afirmo que não existem ciências exatas.


Thiago Campolina de Sousa – Direito Diurno (1° ano)

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