Após a crise feudal na Baixa Idade Média e com o início das
Grandes Navegações, o capitalismo encontrou condições ideais para se
estabelecer como o modo de produção oficial. Esse sistema é fundado
essencialmente na divisão das pessoas em duas classes sociais: a burguesia e o
proletariado. Iniciou-se com a busca por terras as quais dominar e com a troca
de especiarias e outras mercadorias entre os povos, que começaram a ser
vendidas, formando as feiras que suscitariam as primeiras cidades. Com o
processo da Revolução Industrial, a organização social foi completamente
transformada, de forma que, a partir de então, a subsistência não seria mais
suficiente, sendo o acúmulo de capital o principal objetivo. O ser humano
possuía agora um valor de mão de obra, sendo extremamente importante para o
funcionamento das indústrias e igualmente desvalorizado pelo dono dos meios de
produção.
Segundo o materialismo dialético proposto por Karl Marx e
Engels, a explicação do mundo tal qual ele é pode ser encontrada na história,
através da interpretação do que é real e concreto. A partir dessa premissa, as
condições precárias as quais estiveram submetidos os primeiros operários
reflete as origens da intensa desigualdade social hodierna. Quando surgiram as
indústrias, os trabalhadores possuíam carga horária desgastante, salário
baixíssimo e nenhum direito trabalhista, que foram adquiridos ao longo do tempo
por meio de luta e manifestação. O patrão não possibilitava que os empregados
tivessem uma vida minimamente digna - apesar de serem eles quem efetivamente
produziam tudo – não obstante, exigia uma produção em número cada vez maior.
No entanto, essa produção desenfreada ocasionalmente gera
crises de superprodução, sendo que a mais grave está relacionada à Crise de
1929, desencadeada pela lógica do livre mercado. Isso ocorre quando há
excessiva disponibilidade de mercadorias e serviços, mas a procura para compra
é baixa. Em paradoxo, mesmo quando há uma superabundância de um lado, ainda
existe, paralelamente, miséria exacerbada de outro. O sistema capitalista se
certifica de que os produtos à venda só possam ser consumidos por uma pequena
parcela populacional, numa lógica infeliz e contraditória em que,
frequentemente, o trabalhador responsável por desenvolver um produto nunca
poderá usufruir dele.
Destarte, são indubitáveis os males do egoísmo e ganância
humana, demonstrados pelo exagerado acúmulo de capital por uns, enquanto a
maior parte da população encontra-se marginalizadas, imersas num cenário
precário de pobreza e situação desumana de vida. Marx e Engels defendiam a
tomada dos meios de produção pelo proletariado, a fim de extinguir a
propriedade privada e, assim, desenvolver uma sociedade igualitária, sem
distinção de classes. Contudo, o socialismo nunca se estabeleceu da maneira
como eles haviam proposto. Por conseguinte, a luta de classes persiste sendo
escrita na história da humanidade.
Valkíria Reis Nóbrega - Diurno
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