Total de visualizações de página (desde out/2009)

sábado, 14 de abril de 2018

O preço do capital


Após a crise feudal na Baixa Idade Média e com o início das Grandes Navegações, o capitalismo encontrou condições ideais para se estabelecer como o modo de produção oficial. Esse sistema é fundado essencialmente na divisão das pessoas em duas classes sociais: a burguesia e o proletariado. Iniciou-se com a busca por terras as quais dominar e com a troca de especiarias e outras mercadorias entre os povos, que começaram a ser vendidas, formando as feiras que suscitariam as primeiras cidades. Com o processo da Revolução Industrial, a organização social foi completamente transformada, de forma que, a partir de então, a subsistência não seria mais suficiente, sendo o acúmulo de capital o principal objetivo. O ser humano possuía agora um valor de mão de obra, sendo extremamente importante para o funcionamento das indústrias e igualmente desvalorizado pelo dono dos meios de produção.
Segundo o materialismo dialético proposto por Karl Marx e Engels, a explicação do mundo tal qual ele é pode ser encontrada na história, através da interpretação do que é real e concreto. A partir dessa premissa, as condições precárias as quais estiveram submetidos os primeiros operários reflete as origens da intensa desigualdade social hodierna. Quando surgiram as indústrias, os trabalhadores possuíam carga horária desgastante, salário baixíssimo e nenhum direito trabalhista, que foram adquiridos ao longo do tempo por meio de luta e manifestação. O patrão não possibilitava que os empregados tivessem uma vida minimamente digna - apesar de serem eles quem efetivamente produziam tudo – não obstante, exigia uma produção em número cada vez maior.
No entanto, essa produção desenfreada ocasionalmente gera crises de superprodução, sendo que a mais grave está relacionada à Crise de 1929, desencadeada pela lógica do livre mercado. Isso ocorre quando há excessiva disponibilidade de mercadorias e serviços, mas a procura para compra é baixa. Em paradoxo, mesmo quando há uma superabundância de um lado, ainda existe, paralelamente, miséria exacerbada de outro. O sistema capitalista se certifica de que os produtos à venda só possam ser consumidos por uma pequena parcela populacional, numa lógica infeliz e contraditória em que, frequentemente, o trabalhador responsável por desenvolver um produto nunca poderá usufruir dele.
Destarte, são indubitáveis os males do egoísmo e ganância humana, demonstrados pelo exagerado acúmulo de capital por uns, enquanto a maior parte da população encontra-se marginalizadas, imersas num cenário precário de pobreza e situação desumana de vida. Marx e Engels defendiam a tomada dos meios de produção pelo proletariado, a fim de extinguir a propriedade privada e, assim, desenvolver uma sociedade igualitária, sem distinção de classes. Contudo, o socialismo nunca se estabeleceu da maneira como eles haviam proposto. Por conseguinte, a luta de classes persiste sendo escrita na história da humanidade.


Valkíria Reis Nóbrega - Diurno

Nenhum comentário:

Postar um comentário