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sexta-feira, 20 de abril de 2018

Conflito de valores


   Ao final do século XVIII, os anos de opressão política do Antigo Regime pareciam finalmente começar a ser superados pela Revolução Francesa. Entretanto, apesar de finalmente quebrar a dominância da nobreza, a rebelião acabou culminando no “período do terror” de Robespierre. Mais tarde, Napoleão reestabeleceu a ordem, mas também tornou-se um déspota, destruindo a liberdade que proclamava defender. Apenas após décadas de luta, uma nova e balanceada constituição emergiu, realmente garantindo os direitos da minoria.
    Tal fragmento da história demonstra empiricamente a Dialética de Georg W. F. Hegel. Para o filósofo alemão, a humanidade está em um constante, mesmo que não linear, processo de progresso movido por contradições que determinam inícios e colapsos, indo de um extremo ao outro, tentando compensar por erros anteriores. Assim, Hegel indica que os momentos sombrios não são o fim, mas sim uma desafiante e, de algum modo, até necessária parte de um confronto entre tese e antítese, que vai, eventualmente, achar um ponto mais sensato de síntese.
   Destarte, percebe-se que Hegel possuía uma perspectiva idealista sobre os mecanismos do mundo. A mente, segundo ele, consistia na única realidade e a ideia (tese e antítese) era o principal fator que transformava as relações de produção. Reconhecendo a contribuição de afastar a observação histórica da metafísica, Marx e Friedrich Engels também assumem uma perspectiva dialética em suas análises, questionando fortemente, porém, a ideologia de Hegel.
   Opondo-se a visão hegeliana a partir de um viés materialista, as mentes fundadoras do chamado “socialismo científico” defendiam que o concreto era o resultado da abstração e, consequentemente, as relações de produção, não as ideias, eram o centro de qualquer coletividade. Assim, o conflito da dialética material manifesta-se nas engrenagens do sistema produtivo: o opressor e o oprimido, o burguês e o operário. A história, então, seria o produto da constante luta entre classes, que, inserida em um contexto capitalista extremamente volátil, foi aprofundada com a criação de novas formas de luta.
   A partir da filosofia idealista ou materialista, apenas é possível perceber, de fato, que a trajetória humana possui seu combustível na oposição de princípios. É o conflito entre valores antagônicos e a vontade de cada grupo de estabelecer sua soberania que cria os avanços da humanidade como um todo. Conclui-se, portanto, que o ciclo histórico geral é semelhante ao de um pêndulo, alternando-se entre aqueles que buscam o poder, sejam eles a tese, a antítese, o proletariado ou o burguês.

Fontes- "Why Hegel knew there would be days like this"- https://www.youtube.com/watch?v=q54VyCpXDH8

João Manuel Pereira Eça Neves Da Fontoura- Turma XXXV Noturno


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