Total de visualizações de página (desde out/2009)

sábado, 23 de setembro de 2017

Entre crise da representatividade, corrupção social e dominação messiânica

O escritor brasileiro Mário de Andrade, em sua obra Macunaíma, discorre sobre a formação da identidade nacional, em um contexto no qual buscou-se uma maior valorização da cultura tupiniquim. Macunaíma ou o “herói de nossa gente” é protagonizado por um índio preguiçoso, o qual não possui nenhum caráter. Analogamente, em um país embasado, não raro, em costumes pútridos e hábitos pernicioso velados, a imoralidade normatiza-se, arraigando-se em solo brasileiro e culminando em crises de representatividade, corrupção social e dominação messiânica.
Para o jurista Max Weber, um dos fundadores da sociologia, uma das tarefas essenciais de qualquer ciência da vida cultural dos homens é, realmente, desde o início, a apresentação clara e transparente de suas ideias, para que estas sejam compreendidas. Dessa maneira, temos, na conjectura hodierna, que parte da crise da representatividade pode ser elucidada pela falta de esclarecimento prestado pelos representantes à nação em quesitos fundamentais para que houvesse um funcionamento eficiente do aparato estatal, destacando-se elementos políticos, econômicos e sociais.
Vale destacar que tal crise de representatividade é agravada, muitas vezes, por atos fraudulentos cometidos por políticos os quais transgridem o status quo e promovem enfraquecimento da máquina estatal. Estes são oriundos do corpo social e frutos de um sistema no qual delitos leves são trivializados, fato que proporciona que impunidades fiquem estagnadas e que generalizações sejam firmadas. Assim, para Weber, a compreensão sociológica deve levar em conta que, mesmo quando se trata de analisar entes coletivos, está em foco a ação de indivíduos, ou seja, normatizações de fatos sociais devem ser freadas e ações individuais explanadas, evitando-se, assim, ideologias coletivas as quais estabeleçam ações danosas e minimizem condutas individuais nocivas.
Circunstâncias nas quais fatos sociais são normatizados podem ser fruto de uma ação social a qual está atrelada ao poder e dominação conferidos por figuras messiânicas, as quais são responsáveis por fixar ideologias gerais que, teoricamente, poderiam salvar a nação de todo o mal. Para Weber, ser dominado implica na aceitação de um modo de condução da vida “vinda de fora”. Como exemplo, pode-se constatar a forte influência exercida por juízes responsáveis pela operação lava- jato (conjunto de investigações conduzidas pela polícia federal brasileira), os quais são exaltados como “salvadores da pátria”.
Portanto, em uma sociedade nascida sob a égide de Macunaíma, constata-se a normatização de imoralidade, respaldada em costumes pútridos e em hábitos perniciosos velados. Ademais, com o auxílio de Weber, elucida-se que parte da crise da representatividade pode ser explicada pela falta de esclarecimento prestado pelos representantes à nação bem como com normatizações de fatos sociais, as quais transgridem o status quo e promovem enfraquecimento da máquina estatal. Além disso, o poder e a dominação conferidos por figuras messiânicas criam uma utopia de que estes poderiam salvar a nação de todo o mal. Entre crise da representatividade, corrupção social e dominação messiânica, a conjuntura brasileira é definida.


Isadora Mussi Raviolo, 1º Direito, Noturno

Nenhum comentário:

Postar um comentário