Sem dúvida, um dos livros mais expressivos da literatura
brasileira é o Cortiço, escrito por Aluísio de Azevedo, em 1890. Essa obra é o
marco do Naturalismo, e traz, em suas páginas, uma ilustração sobre a realidade
vivida pelos morados de um cortiço e como suas ações são modeladas pelas
relações sociais desse ambiente.
Jerônimo
é um português trabalhador honesto, casado com Piedade (mulher dedicada à
família e à religião). Muda-se para o Brasil, onde passa a morar no cortiço. Ao
longo da narrativa, Jerônimo, envolvido pelas relações sociais, adquirindo vícios
e hábitos brasileiros (bebida, luxúria e jogo), o que resulta no fim do seu
casamento e seu envolvimento com Rita Baiana.
Sobre a
perspectiva de Max Weber, Jerônimo foi moldado pelas relações sociais e pelo
contexto em que ele está inserido, determinando, assim, suas ações sociais. Sua
essência permanece à mesma, mas o modo de se manifestar foi condicionado pela
situação.
Transportando
essa narrativa para a realidade tangível, a situação do cortiço assemelha-se
muito com a vida nas favelas brasileiras. Os moradores dessas comunidades,
principalmente as crianças, praticam as ações sociais conforme as relações
estabelecidas na comunidade (que na maioria das vezes é dominada pelo tráfico e
pela criminalidade). Como diria o velho ditado, “educação vem de berço”,
podemos notar que a família é uma das instituições que interfere na vida das
pessoas, seja de modo positivo ou negativo. Assim, em um ambiente hostil e
agressivo, o filho poderá apresentar comportamento semelhante, pois o ambiente
em que está inserido o condiciona a tal ação.
Por
conta dessa diferença de realidade, surge o preconceito e a discriminação
contra os cidadãos das comunidades carentes, e suas motivações são jugadas por equívocos
e desconhecimento. Segundo Weber, cabe ao pesquisador analisar as situações
sociológicas sem imputar seus valores pessoais, pois cada indivíduo é induzido
pelos ambientes que o cercam.
João Raul Penariol Gomes - 1º ano Direito Noturno
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