As correntes sociológicas desenvolvidas por Émile Durkheim e Max Weber são essencialmente divergentes, da metodologia empregada até a própria ideologia que embasa a teoria. Se para Weber a sociologia deve desvendar o sentido (nexo causal) da ação social, para Durkheim ela deve explicar a própria sociedade a fim de trazer-lhe respostas. Dessa forma, o foco para o primeiro pensador está na ação social; para o segundo, está no fato social.
A ação social é toda aquela tomada por um indivíduo num processo comunicativo com outrem; uma conduta humana que possui um sentido e um objetivo pré-definidos. A sociologia, weberiana, pela primeira vez coloca o indivíduo como foco da análise sociológica - em contraposição a ideia funcionalista, retratada no próprio fato social: é todo aquele que independe do indivíduo e advém de alguma forma de coerção social. Se para Weber o indivíduo deve ser analisado em sua individualidade, mesmo estando envolto do meio social, para Durkheim há pouquíssimo espaço para a ação individual, que é inevitável e irreparavelmente motivada pelo fato social.
Cria-se, portanto, na sociologia funcionalista a noção de uma "consciência coletiva" que não é a soma das consciências individuais, mas anterior aos próprios indivíduos. Já para Weber, cada caso deve ser analisado em suas particularidades. Ele concorda com Dukheim e Marx que o meio exerce influência sobre o indivíduo, mas postula que não se pode ignorar a formação individual, própria de cada indivíduo, não deixando que se reduza a realidade social a relações econômicas. Não se trata propriamente de uma refutação, mas de um complemento das correntes funcionalista e marxista.
Seguindo essa linha, as relações sociais para Weber advém do sentido das ações sociais entre grupos e indivíduos, que encontram-se coordenados na vida em sociedade. Por essa razão, Por outro lado, Durkheim as considera meras consequências do tipo de solidariedade de determinado grupo (podendo ela ser mecânica ou orgânica).
Outro ponto de disparidade metodológica diz respeito a postura do próprio sociólogo. Como Durkheim visava a introdução da sociologia no meio acadêmico, enquanto disciplina, a noção de neutralidade científica lhe era bastante cara; daí também decorre a importância de ver o fato social como coisa e o afastamento do observador. Weber, por sua vez, inaugura uma linha sociológica que admite a impossibilidade da neutralidade, mas, a fim de perpetuar a sociologia enquanto ciência, defende a objetividade de seu estudo.
Portanto, a diferença central entre Weber e Durkheim é a relação entre o indivíduo e a sociedade: o primeiro leva em consideração a individualidade, seu desenvolvimento psíquico-social, além das condições externas, diminuindo o elemento determinista que marcou a sociologia até o século XIX; o segundo não trata o indivíduo, mas dele imerso em um inescapável meio social, tratado como um organismo que passa por seu próprio processo evolutivo.
Heloisa de Maia Areias
1º ano de Direito diurno
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