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quarta-feira, 9 de abril de 2025

Entre a Ordem e a Desordem: a variação do ponto de vista

 

Para Comte, buscar o conhecimento verdadeiro é imprescindível para a humanidade, de forma que observações empíricas e métodos científicos garantem a supremacia do pensar cientifico positivo. Assim, desde fundamentos teológicos a metafísicos a, por fim, positivos, os homens buscam aprimorar sua compreensão da realidade que os cerca.

Tal capacidade de construção racional é o que transforma as sociedades, as quais, por sua vez, demandam um estudo próprio: A sociologia –considera pelo autor a mais soberana das ciências.

Embora o ‘’Positivismo’’ proponha uma análise fundamentada, percebe-se que suas máximas, como a famosa estampada na bandeira nacional mostra-se parcial, de forma a não se perpetuar de maneira uniforme por toda a sociedade. Por isso, apesar de propor avanços sociais –‘’Ordem e Progresso’’- a teoria positivista manifesta-se incompletamente na modernidade.

Essa perspectiva, muito bem ilustrada por Grada Kilomba em ‘’Memórias da plantação’’, demonstra que o conhecimento e sua manipulação permanecem instrumentos exclusivos, de forma a manter marginalizado todo e qualquer ponto de vista se não aquele ‘’legitimado’’ –não coincidentemente, em sua maioria, masculino branco cis ocidental. Dessa maneira, a pluralidade racional é menosprezada, perpetuando uma visão ‘’colonial’’ do conhecimento.

Tal mazela - enfrentada por diversas figuras promotoras de dinâmica social, ou seja, perturbação da estática, como a palestrante Rita von Hunty – drag queen brasileira, a qual, mesmo enfrentando constantemente a descredibilização e o desrespeito, busca construir e disseminar um saber crítico e embasado em seu canal do Youtube - demonstra que, embora elaborada há aproximadamente dois séculos atrás, a teoria positivista ainda influencia as relações contemporâneas.

Desse modo, enquanto uma minoria reconhece progressos do saber, a maioria diversa mantém-se subalternada e excluída dessa apropriação do conhecimento. Portanto, não se questiona a necessidade de ‘’Ordem’’ ou ‘’Progresso’’ em si, mas sim a perspectiva de quem por eles são alcançados e sob qual ponto de vista são descritos.

Isabella Peres Alves da Silva 1ºano Direito Matutino

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