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sábado, 3 de maio de 2025

Entre a Fé e o Sistema

 

Recentemente, vídeos de um jovem pregador chamado Miguel Oliveira, mais conhecido como "profeta Miguel", se espalharam pelas redes sociais brasileiras. Suas pregações expressivas, promessas de cura milagrosa e declarações polêmicas sobre o valor das ofertas despertaram tanto admiração quanto críticas por parte do público. Portanto, mais do que um simples episódio de destaque na mídia, esse caso traz à tona uma questão antiga, que continua bastante atual: qual o papel da religião na nossa sociedade? Consequentemente, até que ponto ela pode ser usada como uma ferramenta de dominação, seja simbólica ou material?

Nesse sentido, deve-se fazer uma reflexão sobre o propósito da religião. Sob esse viés, o filosofo alemão Karl Marx afirma: “a religião é o ópio do povo”. Portanto, segundo Marx, a religião é uma ferramenta de dominação do povo, atuando como um agente consolador perante as misérias socias e, por conseguinte, ela inibe o questionamento dos indivíduos sobre o sistema que os coloca nessa situação. Dessa forma, ela legitima as desigualdades sociais, ao fazer com que as pessoas aceitem sua condição por acreditarem que se trata de uma provação divina, protegendo o poder vigente de críticas e contestações.

Diante disso, o caso do “profeta mirim” nos mostra como a religião tem esse poder de dominação dos fiéis. Miguel, uma CRIANÇA, é colocado com autoridade absoluta dentro de sua igreja, prometendo até mesmo a cura de doenças graves, como a leucemia, e solicitando “ofertas” com valores exorbitantes em troca de bençãos. Logo, podemos concluir que, atualmente, a religião não serve somente para manutenção do status quo, mas também serve, em muitos casos, como instrumento de fachada para empreendimentos que operam com lógica empresarial, ou seja, igrejas que visam ao lucro, ainda que por meios imorais e antiéticos, sustentadas pela vulnerabilidade e pela esperança de seus seguidores.

Em suma, o episódio envolvendo o “jovem pastor” evidencia como a fé pode ser manipuladora e perigosa se usada como instrumento de exploração. A religião, quando usada com interesses econômicos e para fins de manipulação, perde sua essência transformadora e espiritual, deixando de cumprir seu papel para ser uma engrenagem do sistema que lucra em detrimento de milhares.


João Marcos Borges Silva -  1º ano - Direito (noturno)

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