Para Max Weber, a vida em sociedade só pode manifestar-se plena e harmonicamente se compreendida em sua pragmaticidade. Assim embora o autor estipule o mecanismo do ‘’Tipo Ideal’’, dele espera-se nada além do questionamento e destruição, de forma a tornar coerente e profunda a análise das instituições e ferramentas que orientam a sociedade racional weberiana.
Sob
essa ótica, o autor apresenta o conceito de ‘’autoridade legitimada’’, a qual
exerce poder influente sob ações sociais, de forma a resguardá-las ou não, pela
‘’validação’’. Para isso, Weber afirma que ‘’A legitimidade da autoridade pode
ser garantida das seguintes maneiras: I. Em uma base puramente subjetiva, ou
seja, que se deve a: 1) aceitação meramente afetiva ou emocional; 2) provir de
uma crença racional na validade absoluta da autoridade como uma expressão de
valores últimos obrigatórios, sejam éticos, estéticos ou de qualquer outro tipo.
II. A legitimidade da autoridade pode ser garantida também pelo interesse próprio,
na expectativa de consequências específicas de uma espécie particular’’ (WEBER,
Max, 2002, p. 57). Tal afirmativa implica a fundamentação de pensamentos e
instituições enraizadamente excludentes, os quais validam, apenas, proposições de
perpetuação de privilégios.
Assim,
ao retratar o racismo em sua perspectiva institucional, Silvio Almeida, em sua
obra ‘’O que é racismo estrutural’’, transpõe a análise weberiana ao contexto contemporâneo,
no qual praticas racistas, desde suas esferas vulgares a sua cruel ‘’legitimidade’’
institucional, são estudadas para fins combativos – diferentemente da realidade
vivida por Weber-, demonstrando como a autoridade exercida por instituições
constitutivamente racistas, criam obstáculos diretos e indiretos na vida da população
negra até hoje. Portanto, nota-se que, quer seja pela estipulação de ‘’valores
obrigatórios’’, quer seja por condutas egoístas para ‘’consequências
especificas de uma espécie particular’’, a legitimidade cultural permanece validando
autoridades não representativas, as quais se valem de instituições e
conhecimentos opressivas de tudo aquilo destoante da ‘’ordem’’ pré-estabelecida
– branca, heteronormativa e machista. Tal análise de uma ordem científica legitimada,
proposta também por Grada Kilomba em ‘’Memórias da Plantação’’, corrobora para
a cruel realidade descrita por Silvio, na qual ‘’raça é um elemento
essencialmente político, sem qualquer sentido fora do âmbito socioantropológico’’
(ALMEIDA, Silvio, 2019, p. 6) usado como fator excludente de um governo cuja
autoridade é legitimada por princípios discriminatórios.
Em
suma, reitera-se que o problema não se deve a análise weberiana de autoridade e
legitimação, uma vez que Weber propõe estudos sociais compreensivos racionais,
mas sim a sociedade preconceituosa que, em pleno século XXI, permanece a
perpetuar valores desumanos e apáticos, os quais, por sua vez, elegem e
alimentam autoridades institucionais segregadoras.
Isabella Peres Alves da Silva - 1º ano Direito Matutino
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