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sexta-feira, 16 de maio de 2025

Legitimidade: a cultura, ainda que permeada pelo arreigado racismo, enquanto validação da autoridade

Para Max Weber, a vida em sociedade só pode manifestar-se plena e harmonicamente se compreendida em sua pragmaticidade. Assim embora o autor estipule o mecanismo do ‘’Tipo Ideal’’, dele espera-se nada além do questionamento e destruição, de forma a tornar coerente e profunda a análise das instituições e ferramentas que orientam a sociedade racional weberiana.

Sob essa ótica, o autor apresenta o conceito de ‘’autoridade legitimada’’, a qual exerce poder influente sob ações sociais, de forma a resguardá-las ou não, pela ‘’validação’’. Para isso, Weber afirma que ‘’A legitimidade da autoridade pode ser garantida das seguintes maneiras: I. Em uma base puramente subjetiva, ou seja, que se deve a: 1) aceitação meramente afetiva ou emocional; 2) provir de uma crença racional na validade absoluta da autoridade como uma expressão de valores últimos obrigatórios, sejam éticos, estéticos ou de qualquer outro tipo. II. A legitimidade da autoridade pode ser garantida também pelo interesse próprio, na expectativa de consequências específicas de uma espécie particular’’ (WEBER, Max, 2002, p. 57). Tal afirmativa implica a fundamentação de pensamentos e instituições enraizadamente excludentes, os quais validam, apenas, proposições de perpetuação de privilégios.

Assim, ao retratar o racismo em sua perspectiva institucional, Silvio Almeida, em sua obra ‘’O que é racismo estrutural’’, transpõe a análise weberiana ao contexto contemporâneo, no qual praticas racistas, desde suas esferas vulgares a sua cruel ‘’legitimidade’’ institucional, são estudadas para fins combativos – diferentemente da realidade vivida por Weber-, demonstrando como a autoridade exercida por instituições constitutivamente racistas, criam obstáculos diretos e indiretos na vida da população negra até hoje. Portanto, nota-se que, quer seja pela estipulação de ‘’valores obrigatórios’’, quer seja por condutas egoístas para ‘’consequências especificas de uma espécie particular’’, a legitimidade cultural permanece validando autoridades não representativas, as quais se valem de instituições e conhecimentos opressivas de tudo aquilo destoante da ‘’ordem’’ pré-estabelecida – branca, heteronormativa e machista. Tal análise de uma ordem científica legitimada, proposta também por Grada Kilomba em ‘’Memórias da Plantação’’, corrobora para a cruel realidade descrita por Silvio, na qual ‘’raça é um elemento essencialmente político, sem qualquer sentido fora do âmbito socioantropológico’’ (ALMEIDA, Silvio, 2019, p. 6) usado como fator excludente de um governo cuja autoridade é legitimada por princípios discriminatórios.

Em suma, reitera-se que o problema não se deve a análise weberiana de autoridade e legitimação, uma vez que Weber propõe estudos sociais compreensivos racionais, mas sim a sociedade preconceituosa que, em pleno século XXI, permanece a perpetuar valores desumanos e apáticos, os quais, por sua vez, elegem e alimentam autoridades institucionais segregadoras.

Isabella Peres Alves da Silva - 1º ano Direito Matutino 

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