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terça-feira, 25 de março de 2025

O Patriarcado Armênio em Israel e o caso dos cristãos orientais

No dia 18 de fevereiro, o Patriarcado Armênio divulgou um comunicado acerca de uma situação envolvendo a comunidade armênia na cidade de Jerusalém: o Estado de Israel, sob o preceito de dívidas e impostos atrasados, sem providenciar provas concretas, estaria buscando tomar posse de territórios pertencentes à Igreja há séculos, período superior à própria existência do Estado israelense. 

Tal acontecimento é apenas um pequeno reflexo do sofrimento que a comunidade cristã sofre em Israel. Um exemplo é o caso de Nahida e sua filha Samar, que em dezembro de 2023, durante o genocídio em Gaza, foram assassinadas na porta de uma igreja católica por snipers de alta precisão. 

A situação dos cristãos orientais é muito peculiar: se, por um lado, sobrevivem em meio às ideologias de supremacia judaica e islâmica, repudiados e atormentado por ambos, não encontram refúgio em seus irmãos ocidentais, que os usam de munição contra os muçulmanos no ocidente enquanto apoiam as mesmas políticas que enfraquecem a existência cristã no Oriente. 

Essa realidade pode ser compreendida pelo que Wright Mills define como a “Imaginação Sociológica”. Para o americano, para fazer Sociologia é importante sairmos de nossa própria percepção individual e analisar cada situação em seu devido contexto. Porém, no Ocidente, isso não acontece. Cristãos e não-cristãos tornam-se reféns de suas próprias visões de mundo, onde o Cristianismo é a religião dominante, quer vejam isso como bom, quer como ruim, e encontram-se incapazes de compreender a vida dos cristãos no Oriente.

Para a sobrevivência de tais comunidades é preciso que desenvolvamos a imaginação sociológica: tirar as lentes de nossa própria realidade, ver através da neblina de nossas vidas e países para compreender a frágil situação que essas pessoas vivem. Suas vidas não se tornam menos valiosas porque vivem longe de nós, ou em contextos diferentes, como parece ser o caso quando o tópico surge, mas possuem a mesma dignidade que qualquer pessoa que vemos na rua, casa ou faculdade. Adentrar o mundo da sociologia é transcender nossas percepções pessoais e ver o outro em sua conjuntura.

 Isabel Carvalho Choairy 

 1º Direito Noturno

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