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domingo, 10 de março de 2024

O negacionismo científico e a crise do Método

   "Uma mentira dita mil vezes, torna-se verdade", tal é a célebre frase proferida por Joseph Goebbles, ministro da propaganda na Alemanha nazista. Orientada por uma visão distópica da realidade, um ensaio acerca do dizer permite inferir uma exaltação da inverdade, uma vez que valoriza a opinião desvinculada de ciência como incontestável. Nesse sentido, a sociedade brasileira calcada nos dias atuais tem se apresentado como uma extensão do ilógico e perpetuado a disseminação da opinião anticientífica. 

   Desde a Idade Moderna, a concepção de ciência e a negação das opiniões infundadas já havia se tornado pauta para os filósofos do período. Conforme os preceitos de René Descartes, físico, filósofo e matemático moderno, a verdade incontestável seria proveniente de deduções metafísicas e científicas, alheia do empirismo e das crenças individuais. Foi nesse contexto, que instaurou o Método Científico, em que a partir da observação e da solução das dúvidas seria capaz de atingir um conhecimento verdadeiro, racional e confiável, "Penso, logo existo". Dessa forma, a verdade para Descartes, diferentemente de Goebbles, é alcançada a partir do estudo e da análise racional. 

   No que tange a contemporaneidade, no entanto, a pandemia da Covid-19 que assolou o mundo em 2020, expôs abertamente a crise do intelecto humano e o retrocesso do saber científico. No Brasil, por exemplo, durante o ápice da disseminação do vírus, o país atingiu a menor cobertura vacinal já registrada em duas décadas, fato corroborado pelo aumento do discurso negacionista, uma vez que negava a eficácia da vacina e caminhava na via oposta à científica. Como consequência de tal ato, a condenação da ciência custou a vida de aproximadamente 700.000 brasileiros na pandemia. Assim, denota-se que a negação do método cartesiano e o enaltecimento das "verdades" provenientes de meras opiniões são amplamente prejudiciais tanto na esfera científica quanto na vida em sociedade. 

   Conclui-se, portanto, que a verdade incontestável e racional não está pautada na sua banal repetição como pensava Goebbles, mas na busca por um saber científico. Com efeito, a exaltação do Método Cartesiano é a base para uma sociedade livre de crenças empíricas e doutrinas vãs, à medida que a ciência e a racionalidade já se mostraram os pilares para o progresso social e tecnológico. 

  

                                  Marcela Druzian Melo, 1º ano - noturno, RA: 241223806

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