A partir do livro “A ideologia alemã”, escrito pelos sociólogos, entende-se que a consciência dos indivíduos não é determinada de modo autônomo, mas de acordo com a posição ocupada por eles na sociedade que delimita suas relações políticas e sociais. Ou seja, tal consciência é um produto social incorporado pelos indivíduos em suas ações mais básicas do cotidiano, fazendo com que a ordem do sistema capitalista seja naturalmente reproduzida. Um exemplo disso pode ser constatado nos relatos do livro “A corrosão do caráter” de Richard Sennett, no qual Rico não questiona as influências negativas do capitalismo em sua vida profissional e familiar e as adere de modo pacífico, como a aceitação do constante medo de perder seu emprego, o controle do tempo e a educação dos filhos, o que seria decorrente, segundo o autor, do lema “Não há longo prazo” inerente ao sistema econômico atual associado ao desenvolvimento de novas tecnologias. Desse modo, essa nova configuração do capitalismo relacionada ao “encurtamento dos prazos” faz com que aumente o número de empregos temporários e a flexibilização das organizações empresariais, estabelecendo uma realidade instável e disfuncional que, ainda assim, é incorporada naturalmente pelos indivíduos devido à falta de autonomia em relação à sua própria consciência.
Em resumo, fica evidente que a análise crítica realizada por Marx e Engels ainda pode ser aplicada na sociedade atual, caracterizada, devido ao capitalismo, pela desigualdade social, pela precarização das relações de trabalho e pela padronização de uma consciência indiretamente imposta pelo sistema econômico. Ademais, Sennet ajuda a compreender como tais problemas estão presentes no contexto contemporâneo associados às novas tecnologias. Portanto, a imposição da consciência como um fator externo aos indivíduos faz com que as consequências do sistema capitalista, como a perda do “longo prazo”, permaneçam na sociedade.
RA: 231223196
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