No livro “A Ideologia Alemã”, Karl Marx e Friedrich Engels defendem o conceito de materialismo histórico, ideia que tenta explicar as mudanças, principalmente sociais, durante a história humana. Aludindo-se à epistemologia grega, a pintura Escola de Atenas de Rafael, artista renascentista, ilustra um conflito entre o racionalismo de Platão, que aparece na imagem apontando para cima, em referência ao plano das ideias, e o empirismo de Aristóteles, que gesticula em referência ao chão ou ao plano material. Analogamente a isso, Marx defende em sua obra que a história se explica por meio das relações sociais e de produção e que a partir disso os ideais surgem, enquanto critica a visão idealista de autores como Friedrich Hegel, que defende que o principal "motor" da história são ideias e ações individuais e que as relações materiais são influenciadas por essas posteriormente. Então, de forma semelhante aos grandes filósofos gregos, o livro de Marx e Engels explicita um confronto em relação à origem material ou racional dos fatos ou verdades.
Dessa forma, a obra “A Corrosão do Caráter” do
sociólogo Richard Sennett apresenta uma situação real que vivenciou onde o materialismo
de Marx foi exemplificado de forma concreta. No capítulo Deriva, Sennett
descreve o encontro que teve com Rico, filho de seu amigo de longa data Enrico,
e conta como a sua personalidade e as suas relações sociais foram profundamente
influenciadas pela sua ética de trabalho, marcada pela instabilidade e pela
flexibilização, o que acaba afetando negativamente sua vida pessoal, já que
certas relações exigem compromissos duradouros e estabilidade, como a família.
Além disso, a influência das relações de produção do capitalismo moderno e do
fato de exercer um trabalho de caráter intelectual também são evidenciadas pelo
desprezo que Rico sente pelo estilo do pai, que exercia um trabalho de caráter
material e exprimia um ideal conformista, que ia contra o ideal de independência
do filho.
Com isso, entende-se que as relações de produção e as divisões do trabalho são, para Marx e Engels, aquilo que move primordialmente as “engrenagens” da história, assim como influenciam no pensamento do indivíduo. Por Isso, assim como para Sennett existe uma divisão na classe dominante entre aqueles que participam da elaboração dos valores que cercam sua própria classe e aqueles que aceitam passivamente esses valores, para Marx a classe dominante possui o poder controlar os princípios das classes dominadas, já que essa controla os meios de produção.
Pedro Paulo Sachetti - primeiro ano de direito (matutino)
RA: 231224672
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