As relações de desigualdade de gênero são algo intrínseco a história humana, desde os primórdios as mulheres são colocadas como subordinadas aos homens. Tendo isso em vista, é possível compreender como o materialismo histórico dialético lança luz sobre a relação direta entre capitalismo e machismo, de modo a analisar como as relações de gênero em consonância às relações de luta de classes.
À priori há uma relação histórica entre machismo e capitalismo, uma vez que o segundo surgiu em um contexto sociocultural no qual a desigualdade de gênero já se fazia presente, por isso o capitalismo foi capaz de explorar e reforçar essa desigualdade em diversos aspectos. Dessa forma, o patriarcado foi capaz de construir-se a partir da divisão sexual do trabalho e consequentemente da exploração das mulheres. Em séculos anteriores as mulheres dependiam dos esposos para economicamente e recebiam a função de reproduzir e criar os filhos, os quais cresceriam e reproduziriam a mesma lógica de exploração econômica e de gênero.
No entanto, a partir de sociedades contemporâneas, as mulheres foram inseridas no mercado de trabalho de assim submetidas a mais um tipo de exploração, já que passaram a não mais apenas cuidas das casas e da prole, mas também a terem uma jornada de trabalho com baixa remuneração em comparação ao sexo masculino. Ademais, vale firmar que a desigualdade entre mulheres e homens não se pauta apenas na questão econômicas, mas se espraia para fatores culturais, sociais e simbólicos capazes de reforçar estereótipos de gênero e a dominação masculina.
Em vista disso, em seus escritos, Richard Senett é capaz de demonstrar como as relações voláteis de trabalho impactam a carreira de trabalho das mulheres no cotidiano atual, já que a instabilidade no serviço e a demissão do marido, fazem com que Jeannette - esposa de Rico - também mude de emprego e de cidade em prol de um bem maior, que seriam seu marido e seus filhos. Ou seja, a mulher se submete a um esgotamento mental, psíquico e material para que possa cuidar de sua família.
Por conseguinte, o materialismo histórico dialético é capaz de demonstrar criticamente como as relações entre classes na sociedade. De modo que a divisão sexual do trabalho reflete em não apenas salários mais baixos para as mulheres, mas em menos oportunidades de acesso a educação e cargos de poder, dessa forma, as relações de produção e de gênero são influenciadas por condições econômicas, tecnológicas e sociais de cada época, visto que é preciso compreender a sociedade capitalista e absorver o método de olhar para a realidade social para propor mudanças, rompendo-se com a ideologia machista e deixando de ter um olhar puramente filosófico da realidade de exploração das mulheres.
Ana Júlia Nogueira
RA: 231221819
1° ano Direito Matutino
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