O filósofo francês Auguste Comte visava, através do que ele chamava de ciência natural, estudar fenômenos sociais. Obviamente que, sem anacronismo, ele foi importante para iniciar a sociologia, mas seu erro reside no olhar restrito, simplista e etnocêntrico sobre o social.
Comte
acreditava numa linha restrita e única sobre o progresso, em que havia um parâmetro
de desenvolvimento máximo no estágio positivo e mínimo no estágio teológico,
passando pelo estágio metafísico. Sua concepção é totalmente atrelada aos seus
preceitos fechados sobre a sua realidade – um homem branco e europeu. Dessa
forma, ele tornou a ciência de época engessada em moldes restritos, ditando
verdades sob uma única perspectiva – etnocêntrica.
Dentro do
olhar positivista, sociedades pautadas em crenças, como comunidades indígenas,
seriam inferiores dentro da linha de progresso dessa filosofia. Enquanto que,
sociedades pautadas em conquistas marítimas, como Portugal e Espanha, seriam
superiores por terem atingido o estágio do progresso. Sendo assim, torna-se nítido
que a ciência, o progresso e o correto se encontram dentro da perspectiva que o
Comte vivia, logo, apenas seu contexto era superior e o restante estava a
caminho desse estágio.
Ver o mundo
sob essa filosofia é acreditar que apenas o contexto de ciência europeia era
válida, silenciando todas as outras sociedades e perspectivas distintas. Nesse
viés, o positivismo até hoje valida ciências que possuem raciocínios restritos
e excludentes sobre o social, valorizando grupos que se entendem como
superiores ao longo de toda a história.
O positivismo
engloba todos aqueles que acreditam numa linha sistemática de progresso,
colocando hierarquia entre sociedades, culturas e indivíduos. E, ironicamente
ou não, defende esse pensamento aqueles que, dentro dessa visão de progresso,
estão no estágio “mais evoluído”. O que seria o positivismo se não uma
validação de quem está no topo para se manter ali?
Laís Tozzi Muraro - 1° ano Direito (matutino)
RA: 231221304
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