Entender o Brasil é uma tarefa complexa, mas não impossível. Traçar um paralelo entre o caos atual e nossa construção histórica é algo válido, embora não deva servir como pilar para a sustentação da máxima "somos assim porque somos assim".
As instituições estão falindo, e mais triste ainda é perceber que isso ocorre cerca de quase 40 anos após o início de seu processo de engatinhamento. Aqui, deve-se atentar ao fato de que a ditadura militar e nosso passado escravista jamais significaram o "despertar" de algo novo, sendo apenas a efetivação do viés colonizador perpassado por gerações de um povo massacrado desde que se entende por brasileiro.Não há espaço para um Brasil de sonhos intensos e raios vívidos enquanto discutirmos personalismos baratos e delírios consumistas. Ou mudamos, ou mudamos. O caminho para o novo já não parece assim tão demarcado.
Falar sobre o "jeitinho brasileiro" é discutir também a questão meritocrática em nossa nação. Em nosso país se debate desde muito cedo a podridão da política e seus desdobramentos, conquanto pouco se diz sobre um povo miserável relegado às margens desde sua concepção.
Na bela nação de verde-amarelo, o esforço poucas vezes dá seu fruto, por isso, a constante busca pela "porta lateral". Nos fizeram acreditar que estamos destinados a isso. Que no fim do dia, passar por cima do outro faz parte da construção histórica de nosso país e de nosso povo.
O Estado, ao invés de deglutir seus próprios defeitos e buscar a mudança, exalta feitos do passado e culpa os "não vencedores". Não se debate projetos ou perspectivas, o que se faz é pintar nosso Brasil tão diferente como uma massa uniforme que, claramente, nunca existiu.
Ao raiar do dia seguinte às eleições, alguns partem em seus carros importados em direção à Avenida Paulista, enquanto outros recolhem o papelão no qual passaram a noite anterior nesse mesmo local. Esse é nosso país, que de quatro em quatro anos magicamente se torna "um só".
Ao raiar do dia seguinte às eleições, alguns partem em seus carros importados em direção à Avenida Paulista, enquanto outros recolhem o papelão no qual passaram a noite anterior nesse mesmo local. Esse é nosso país, que de quatro em quatro anos magicamente se torna "um só".
Finalizo dizendo que nosso povo nem deve, nem vai e nem precisa "ser estudado pela Nasa". A casta intelectualizada bem sabe de onde viemos e como chegamos aqui, e embora não goste de oferecer respostas aos "pedreiros do destino", enchem o papo de predicados para ofender os que - por pura e simples ignorância (a maioria) - elegeram ao mais alto cargo da nação um debilóide. O fato, caros patriotas, é que como todo bom brasileiro (e talvez essa seja a única característica comum em todos os que ainda possuem coragem de se dizerem como tal), possuímos fé. Nossa fé em Deus, no Brasil, no futuro ou em nós mesmos deve nos mover cotidianamente em direção a um lugar incerto, embora com certeza, melhor. Afinal, como mais ou menos disse certa vez um sábio popular, o lado bom de estar no fundo do poço é saber que o único caminho existente é para cima.
Pedro Basaglia, 1° ano - Noturno
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