Sem
dúvidas Émile Durkheim é um dos nomes mais marcantes da sociologia. Nascido na
segunda metade do século XIX, Durkheim teve clara influência do positivismo, que
buscava entender a sociedade a partir do estudo das ciências da natureza. Em decorrência
disso também, o sociólogo achava que para refletir sobre a sociedade e os fatos
sociais que a moldam era necessário certo distanciamento, afastando emoções e
parcialidades fazer científico social.
Uma contribuição
importante que o sociólogo trouxe foi a reflexão sobre a Anomia social, esta presente
em vários momentos da solidariedade orgânica pós-capitalista, outro tema de
discussão do autor. Anomia é um conceito criado por Durkheim para se definir a
mudança abrupta da sociedade, quando o progresso é interrompido de alguma
forma, gerando crises econômicas. De acordo com ele, a anomia ocorre no processo
complexo de solidariedade orgânica, com o desenvolvimento das sociedades
modernas, que tendem a tornar confusas a relação entre indivíduos, passando da
fase pré-industrial para a industrial. Assim, as pessoas perdem a referência momentânea
na sociedade, agindo individualmente. Não é difícil encontrar exemplos de
momentos em que se deu este fenômeno. Em 1929, durante A Grande Depressão, a
maior crise econômica da história dos estados unidos, instalou-se entre a
sociedade um intenso momento anomico, assim como na época do governo Collor,
devido à inflação e ao fisco que levou ao desespero milhões de brasileiros.
Infelizmente, hodiernamente, em maior ou menor grau, a anomia pode ocorrer,
seja em escala nacional ou mundial. A pandemia do novo Coronavírus veio à tona para
mostrar o quão frágil o ser humano é perante a um vírus tão pequeno, o qual se calcula
que todos os exemplares do mundo caberiam em uma lata de refrigerante pequena e
ainda sobraria espaço. É evidente que além das mais de 4 milhões de mortes em decorrência
da Covid, houve também uma crise de ordem econômica em diversos países. Muitos
dos postos de emprego foram fechados, comércios e empresas faliram e muitas
outras reduziram a produção, fazendo com que o progresso e a dinâmica da
sociedade de uma hora para a outra mudasse completamente, trazendo por consequência
um estado de anomia social. Agora, depois de quase dois anos desta tragédia
velada que assolou o mundo, é possível enxergar uma retomada na ordem tanto econômica,
com os empregos e produção, quanto afetiva e social, com a volta gradual da possibilidade
e segurança de haver contato entre as pessoas de maneira presencial.
Fica
evidente também que a questão do suicídio abordada por Durkheim não deve
exatamente ser levada como verdade absoluta, mas ajuda a compreender a alta desse
tipo de ação. Tendo em vista o cenário de distanciamento social, mortes e danos
econômicos, o número de afetados por depressão aumentou consideravelmente desde
o começo de 2020. O mesmo foi observado nos números de suicídio, que poderiam
ser explicados, não descartando também outras explicações para tal ação, a
anomia social a qual o país e o mundo vivem.
Em suma, apesar de toda a dificuldade imposta por crises como a pandemia do novo Coronavírus, espera-se que gradualmente a sociedade supere a anomia sobre a qual Durkheim versava e prossiga com segurança para um momento onde a ordem econômica e social estejam reestabelecidas.
Matheus O. de Carvalho Direito, noturno, primeiro semestre.
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