Durkheim, em sua visão funcionalista, defende um pensamento visivelmente organicista, segundo o qual a sociedade atuaria como um organismo biológico, composto por fragmentos correlatos e em uma coexistência hierárquica que, para o funcionamento pleno, precisam de um ordenamento. Sob essa perspectiva, caso exista ocorrência de algum empecilho, é sinal de que o desempenho das partes que integram o corpo social não está sendo consumado. Dessa forma, é dever da Sociologia identificar quais são as esferas que manifestam disfunções na sociedade, indicando os componentes que estariam ‘desalinhados’ e desagregados da estrutura social. Com isso, o equilíbrio, a harmonia e a ordem voltariam a existir no corpo social.
À vista disso, Durkheim salienta a diferenciação entre fatos sociais comuns e os fatos sociais ‘patológicos’. Nesse sentido, o que não funcionava com normalidade era considerado patológico; desse modo, as patologias necessitariam ser combatidas a partir do uso da repressão. A coerção perpetra de modo direto na vida do indivíduo quando este realiza ações contrárias às vontades da coletividade, contra a ordem social. Sob esse prisma, pode-se dizer que há um aspecto conservador nas premissas de Durkheim. Partindo desse pressuposto, entende-se que o homem não pode dar início a processos revolucionários, a fim de romper com a ordem, e, justamente por isso, naturaliza a desigualdade social e minimiza questões basilares da sociedade fundada por classes.
Dessa forma, o pensamento conservador durkheimiano propõe o emprego de normas coesivas, morais, e, em seguida, intervenção por meio do controle social. Sendo assim, os elementos considerados disfuncionais e divergentes da normalidade são identificados como impasses morais, suscetíveis de ‘reparação’ por meio de uma ação social coercitiva. Então, movimentos que contestam a ordem vigente e que pretendem alcançar uma mudança social serão estreitamente reprimidos e rejeitados pelo ideal de Durkheim. Trata-se, portanto, de um plano político conservador.
Em síntese, é importante romper com esse princípio da análise durkheimiana. Constituída por ideologias naturalistas, organicistas e evolucionárias da sociedade, essa teoria favoreceu a legitimação da ordem social burguesa, corroborando com o rótulo de ‘conservadorismo’ que incide sobre a sociologia de Durkheim.
Clara Crotti Cravo - 1° Semestre - Diurno
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