No filme “A Onda”, dirigido por
Dennis Gansel, um professor de autocracia busca testar a possibilidade de
ascensão do nazi-fascismo na Alemanha contemporânea, após seus alunos julgarem
tal possibilidade absurda. Com isso, procurou consolidar a sala em um grupo de
identidade única, chamado de “Onda”, com símbolo especifico de cumprimento
(notado no cartaz de divulgação da obra), uso de uniformes, marchas e respostas
curtas e diretas dos integrantes ao líder.
Tamanha a identificação dos
estudantes com o movimento, o experimento de Gansel extrapolou os limites
éticos, já que ocorreram casos de vandalismo e intimidação de terceiros em
defesa da legitimidade da “Onda”.
Como os alunos não pertencentes à
sala de autocracia, como Mona (Amelie Kiefer), criticavam o posicionamento da
sala e de Gansel, os membros do movimento os marginalizavam e intimidavam,
inclusive com violência física.
À medida que o grupo existia
independentemente da opinião de terceiros, e exercia coerção sobre os
indivíduos não padronizados , podemos caracteriza-lo como um fato social, máxima
de Émile Durkheim. Essas coerções não judiciais, mas sim sociais, podem ser
traduzidas para a realidade atual, a exemplo da depilação feminina, já que as
mulheres que não a fazem, consoante uma perspectiva feminista, são excluídas
por grande parcela da sociedade, que as julgam como não higiênicas.
Vale ressaltar, ainda, que o conceito
de anomia do mesmo sociólogo, definido como uma situação de ausência de normas
e perdas de fé e tradição, também pode ser notado no final da obra, já que a
personagem Tim, frente a possibilidade de desagregação do movimento, tem uma
crise de identidade e se suicida. O mesmo provavelmente não ocorreria em soldados
das Cruzadas ou das Guerras Mundiais, por exemplo, uma vez que viam a vida como
uma ferramenta para a defesa de valores, como a religião e a pátria,
respectivamente.
Giovana Fujiwara (diurno).
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