Marx
afirma que é impossível desvencilhar o material para formar teorias e
pensamentos. E de fato, o é. Quando analisamos o presente, é ilógico e
incoerente partir de pressupostos puramente abstratos. O materialismo de Marx
desprende as utopias e o irreal para se fixar em algo que pode e deve acontecer.
Enquanto
Hegel analisava o direito como forma de expressão da sociedade e como algo
máximo, Marx o via como forma de dominação, de supressão das particularidades.
E por que um é abstrato e o outro material?
Marx é
material pela análise histórica que ele faz. A partir de sua teoria das lutas
de classes, ele analisa que o direito é um reflexo da sociedade, portanto, um
reflexo dessa luta e da dominação constante da classe menor (em termos de
quantidade de pessoas) sobre a maioria. Assim, é possível prever que sua base
não é no racional ou no que, abstratamente, é o melhor para a realidade, muito
menos coloca o direito como algo sagrado e universal. Para ele, essa visão é
puramente ilusória e especulativa.
Hegel
vê o direito, principalmente, como uma liberdade. É a liberdade da vontade que
forma o direito, que faz o direito ser espontâneo e condizente com a realidade.
Porém, pela crítica de Marx que pode ser estendida até os dias atuais, a
“liberdade” em si, é ilusória.
O
capitalismo alcançou proporções ainda maiores do que na época de Marx. Se ele
já falava sobre esse sistema como global, hoje, é indescritível sua atual
abrangência. Ele se sustenta na capacidade e na necessidade de abranger o
máximo de locais possíveis, de povos, de países, e quanto maior se estender,
mais intenso ele se torna. Porém, são inquestionáveis suas falhas. Suas bases
constituem sua própria destruição. E não só pela criação do proletariado que
irá destruí-lo, mas a própria desigualdade que gera, ciclicamente, crises de
superprodução. Essas são tão incoerentes do ponto de vista humano, já que,
sobram produtos no mercado enquanto faltam para população, mas, completamente
lógicos dentro da maquinaria exploradora do sistema capitalista.
Assim,
é errado afirmar tanto anteriormente quanto agora, a existência de uma
liberdade. A vontade da população, em grande parte, não é motivada pelos seus
ímpetos ou pelos seus desejos internos, e sim pela necessidade de sobrevivência
nesse sistema predador, em que cada pensamento precisa ser uma forma de se
manter dentro de suas engrenagens, dentro de suas veias.
E isso
não se abrange só ao direito. É errôneo pensar que qualquer decisão (nos
assuntos que cabem a parte econômica) é tomada ou deixa de ser sem a influência
do capitalismo. Até a escolha da profissão segue a disponibilidade de mercado e
a maior probabilidade de renda, ao invés de seguir as aptidões e os gostos. A
vida humana é moldada por esse sistema.
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