Total de visualizações de página (desde out/2009)

segunda-feira, 4 de setembro de 2017

A perpetuação capitalista no diário

Marx afirma que é impossível desvencilhar o material para formar teorias e pensamentos. E de fato, o é. Quando analisamos o presente, é ilógico e incoerente partir de pressupostos puramente abstratos. O materialismo de Marx desprende as utopias e o irreal para se fixar em algo que pode e deve acontecer.  
Enquanto Hegel analisava o direito como forma de expressão da sociedade e como algo máximo, Marx o via como forma de dominação, de supressão das particularidades. E por que um é abstrato e o outro material?
Marx é material pela análise histórica que ele faz. A partir de sua teoria das lutas de classes, ele analisa que o direito é um reflexo da sociedade, portanto, um reflexo dessa luta e da dominação constante da classe menor (em termos de quantidade de pessoas) sobre a maioria. Assim, é possível prever que sua base não é no racional ou no que, abstratamente, é o melhor para a realidade, muito menos coloca o direito como algo sagrado e universal. Para ele, essa visão é puramente ilusória e especulativa.
Hegel vê o direito, principalmente, como uma liberdade. É a liberdade da vontade que forma o direito, que faz o direito ser espontâneo e condizente com a realidade. Porém, pela crítica de Marx que pode ser estendida até os dias atuais, a “liberdade” em si, é ilusória.
O capitalismo alcançou proporções ainda maiores do que na época de Marx. Se ele já falava sobre esse sistema como global, hoje, é indescritível sua atual abrangência. Ele se sustenta na capacidade e na necessidade de abranger o máximo de locais possíveis, de povos, de países, e quanto maior se estender, mais intenso ele se torna. Porém, são inquestionáveis suas falhas. Suas bases constituem sua própria destruição. E não só pela criação do proletariado que irá destruí-lo, mas a própria desigualdade que gera, ciclicamente, crises de superprodução. Essas são tão incoerentes do ponto de vista humano, já que, sobram produtos no mercado enquanto faltam para população, mas, completamente lógicos dentro da maquinaria exploradora do sistema capitalista.
Assim, é errado afirmar tanto anteriormente quanto agora, a existência de uma liberdade. A vontade da população, em grande parte, não é motivada pelos seus ímpetos ou pelos seus desejos internos, e sim pela necessidade de sobrevivência nesse sistema predador, em que cada pensamento precisa ser uma forma de se manter dentro de suas engrenagens, dentro de suas veias.

E isso não se abrange só ao direito. É errôneo pensar que qualquer decisão (nos assuntos que cabem a parte econômica) é tomada ou deixa de ser sem a influência do capitalismo. Até a escolha da profissão segue a disponibilidade de mercado e a maior probabilidade de renda, ao invés de seguir as aptidões e os gostos. A vida humana é moldada por esse sistema.

Nenhum comentário:

Postar um comentário