Total de visualizações de página (desde out/2009)

sexta-feira, 18 de agosto de 2017

A RAZOABILIDADE DO PENSAMENTO DE DURKHEIM

       A partir da filosofia positiva originou-se a sociologia, é, porém, de se ressaltar que, não obstante a forte defesa da materialidade e cientificidade do saber, os positivistas pecam por exaltar uma realidade utópica e puramente científica- naquilo que tange os saberes não metafísicos. Nesse sentido, é possível afirmar que a apreciação sociológica proposta tempos depois por Émile Durkheim possui maior plausibilidade para ser utilizada, dado ser, em tese, eminentemente realista e não ideológica e, ainda que Comte tenha defendido tratar o objeto social dessa mesma forma, o próprio Durkheim reconhece que o positivista tratava a sociedade de forma metafísica, ou seja, a partir de sua noção de vinculação inevitável da história ao progresso.
      Os conceitos durkheimianos trazem consigo grande aceitabilidade no sentido de que compreendem a sociedade enquanto tal e a sistematizam conduzindo à noção, não despropositada, da sociabilidade natural do homem. Fato este demonstrado pelas teses advogadas pelo autor em questão com suas ideias acerca do fato social e sua coercitividade. Durkheim, assim, chegou a estabelecer um conhecimento que não era novo e cuja razoabilidade remontava a séculos, o próprio São Tomás de Aquino reconhecia que viver solitariamente era apenas virtude de grandes eremitas, ou seja, uma conjuntura deslocada daquilo que o homem rotineiramente vivia. Além de que, as próprias necessidades demonstram a imprescindibilidade que os homens têm uns dos outros. Ideias estas importantes para sua época- um período que se seguia ao tempo dos contratualistas.
     Propõe-se a reflexão universal: os homens desvinculam-se do meio para agir? Novamente são demonstrativas as ideais de Durkheim, questiona-se, por exemplo, os grupos que se propõe “contra o sistema vigente” são, de fato, desvinculados? Seriam os defensores da independência americana puramente individualistas e apartados por inteiro da sociedade e da mentalidade de sua época? O mesmo diz-se dos autodenominados defensores da contracultura: seriam de fato tão individuais na época de seu surgimento sem nenhum outro motor social que os impulsionaria a tomar tais atitudes? Por óbvio, a sistemática social vincula os homens em suas ações. Conforme o próprio Durkheim discorre, as mudanças sociais possuem causas eficientes, isto é, condicionamentos sociais.
     Vale lembrar, de forma ilustrativa, uma realidade que parece ser atemporal. Trata-se do senso comum, noções construídas e com prevalência no âmbito social. A coercitividade das convicções sociais tende a reprimir as singularidades do pensamento dos indivíduos, em vista do fato de a aceitação social ser importante paradigma para o próprio indivíduo enquanto ente social que é. Exemplo brasileiro atualíssimo se dá pelo desprestígio que a classe política vem sofrendo desde 2013 em especial, um suceder de fatos geraram socialmente um senso comum: corrupção endêmica, recessão econômica, desemprego. Atualmente chega a ser socialmente condenável defender um político. Entretanto, é de se ressaltar que as modalidades de coerção social podem variar nos mais distintos grupos sociais existentes segundo a época e o contexto. Finalmente, a aplicação dos conceitos de Durkheim possui presença marcante na própria essência do ser: que é o indivíduo sem a sociedade? Sequer haveria razão para existir o Direito penal, não há crime sem sociedade; e a reflexão a que se propõe o sociólogo é marcadamente conexa aos princípios supracitados, demonstrativo inequívoco da sensatez com que o autor analisa a coletividade.

Gustavo de Oliveira- 1º ano noturno

Nenhum comentário:

Postar um comentário