Vista Ramones, beba Coca-Cola
Jack Kerouac reviraria-se no
túmulo porque, primeiro, enterraram-no vivo e, segundo, toda uma
geração de indivíduos malucos, hedonístas e cheios de paixão foi
reduzida a uma geração maluca, hedonísta e cheia de paixão. Ao
ler rápido, quase não se nota, mas há uma grande diferença entre
indivíduos e geração. Enquanto indivíduos, eles compartilham
certos valores e crenças, porém há evidentemente uma
individualidade, algo capaz de distinguir cada maluco. Agora,
enquanto uma geração, a geração Beatnik, eles tornam-se ela, o
plural torna-se singular e a imensa heterogeneidade que existe entre
os indivíduos tranforma-se numa única massa, um único rótulo. O
indivíduo autônomo torna-se uma anedota que já não faz rir, pois
não há nada de engraçado na desilusão. Aquele que um dia, ousou
sair de casa com sua jaqueta de couro, coturno e moicano, hoje é um
esteriótipo. É tristemente irônico como o sistema banaliza aqueles
que outrora sonharam em superá-lo mesmo que por um breve suspiro. É
irônico, mas não deixa de ser frustante ver uma luta em vão sendo
absorvida, pouco a pouco, até acabar na estampa de um camisa de uma
loja de departamentos. E essa camisa será comprada e usada, e trará
para quem a comprou uma ilusão, sim uma ilusão, mas será
satisfatória naquilo em que ela representa, Eu faço parte da tribo
dos punks. Porque, no fundo, as ideias são forjadas no âmbito do
coletivo para trazer a impressão de que é possível estar com
alguém que não seja a si mesmo. Afinal, quando a propagando da
Coca-Cola diz, Abra a felicidade, sempre tem alguém com quem
compartilhá-la.
- Pedro Guilherme Tolvo - Direito Noturno
Nenhum comentário:
Postar um comentário