Diante da permanência das injustiças e
calamidades sociais após o advento da Revolução Francesa surgem mais teorias
que visavam suprimir a exploração do homem pelo homem que há séculos se
estabelecera. No entanto, tais tentativas se limitavam ao reformismo, a
críticas pontuais à exploração e a experiências restritas. Para dar a luz da
ciência às idéias socialistas e possibilitar a aplicação efetiva e ampla desse
sistema socioeconomico, Marx e Engels propõem um método revolucionário de
análise da realidade, o materialismo histórico dialético.
Ao contrário do idealismo hegeliano, a
captura da realidade deve partir do material para a ideia e a partir da observação
do concreto, a perspectiva marxista analisa as contradições inerentes ao
capitalismo e evidencia que a produção é a base de toda ordem social. É
alicerçando-se no modo de produção que são definidas a distribuição dos
produtos e a divisão dos homens em classes. Ou seja, proprietários da terra de
um lado e servos do outro; detentores dos meios de produção em um extremo e
aqueles que vendem a sua força de trabalho no pólo oposto. Desse movimento
antagônico, dialético surgem as mudanças e, por isso, Marx afirma que ‘’a luta
de classes é o motor da história’’.
Desde a transição da sociedade feudal para
a sociedade capitalista essa luta- de forma velada ou escancarada- se dá entre
burgueses e proletários, a classe dominante subjuga e explora a segunda, principalmente,
pela detenção da mais valia e pela dominação ideológica, a qual naturaliza a
desigualdade socioeconômica. No entanto, Marx observa que o mundo tende à
progressiva ‘’proletarização’’, com uma burguesia cada vez mais minoritária.
Assim- ao contrário das antíteses anteriores, como os servos e escravos- a
classe proletária se estende a todos os cantos do planeta, falta apenas a
condição histórica onde as contradições inerentes ao capital não se
sustentarão e a classe operária assumirá, enfim, o controle do Estado e
dos meios de produção. Para Marx e Hegel o socialismo e o sua síntese final o
comunismo são, portanto, inevitáveis. Sendo inevitáveis, o capitalismo é- nessa
perspectiva- uma fase transitória e necessária para o caminho à etapa histórica
final, na qual as forças produtivas servirão para a redução do trabalho humano
e a humanidade, de fato, se emancipará.
Um exemplo atual,
dentre os inúmeros, dessa força da união proletária e da luta de classes
descritas por Marx foi a greve dos garis no Rio de Janeiro. Os oito dias de
paralisação- em prol de salários menos indignos e de condições salubres de
trabalho- apavoraram a classe burguesa que- numa atitude desesperada- aceitou a
proposta de reajuste. A partir desse resultado, confirma-se a afirmação de Marx
sobre a impossibilidade de emancipação real dentro do capitalismo: na vigência
do Estado burguês o máximo que o operário consegue são algumas conquistas, como
aumento salarial, décimo terceiro, mas a exploração permanece. Ademais, essa
greve mostrou o poder da união operária, a vivacidade do marxismo e quanto à
burguesia treme quando os proletários adquirem, por alguns instantes,
consciência de classe.
Juliana Inácio- Direito noturno
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