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quinta-feira, 28 de maio de 2015

Os fatos sociais e a ditadura da moda

     A sociedade ocidental do século XIX, considerando-se seu contexto histórico, foi extremamente norteada pela massiva produção do conhecimento em diversas áreas da ciência. Exemplo disso é a sociologia a qual, fundada em Comte, encontra consolidação nas ideias de Émile Durkheim. Segundo o francês, as sociedades em geral caminham e funcionam de acordo com certas formas de agir e pensar exteriores ao homem, chamadas pelo mesmo de fatos sociais. Esses fatos, diz o sociólogo, podem ser definidos como "tipos de conduta ou de pensamento não apenas exteriores ao indivíduo, como também dotados de uma força imperativa e coercitiva em virtude da qual se impõem a ele, quer ele queira, quer não".
     Nesse contexto, considerando o caráter coercitivo e automático dos fatos sociais, o próprio Durkheim utiliza-se de exemplos de sua época quando diz: "Industrial, nada me proíbe de trabalhar com procedimentos e métodos do século passado; mas, se o fizer, é certo que me arruinarei". Porém, não é preciso voltar no tempo a fim de se acharem exemplos quando o tema em pauta é tão contemporâneo. Pega a ditadura da moda e terás um prato cheio. Quando se considera o homem contemporâneo da sociedade ocidental, uma imagem pronta logo vem à mente. O indivíduo que nasce nesse contexto se encontra já condicionado a se vestir de acordo com uma indústria a qual lucra milhões às custas de distúrbios alimentares e nem ao menos se questiona ou se conforma voluntariamente a esse fato social. A perspectiva de se vestir de uma forma diferente da convencional passa, enfim, despercebida pela sociedade.
     Dessa forma, percebe-se a atemporalidade dos fatos sociais pregados por Durkheim. A partir disso, é preciso criar na sociedade uma consciência mais atenta a esses fatos, com o objetivo de evitar ao máximo essas formas de coerção e, acima de tudo, emancipar o indivíduo de modelos pré-estabelecidos.


Renan Djanikian Cordeiro
1º ano do Direito Noturno
     

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