Prosseguindo
com o novo projeto científico proposto especialmente por Bacon e Comte,
Durkheim mostra a importância da restrição do objeto de estudo da sociologia,
antes chamada de física social. Assim, o autor denomina esse objeto “fato
social”, não sendo obrigatoriamente todos os fatos que acontecem nas relações
sociais, mas sim as “crenças, as tendências e as práticas de um grupo, tomadas
coletivamente”.
Um
ponto importante exposto antes da definição de fato social é a visão
materialista em relação à organização e evolução social, e como seu método se
aplica. Como Comte, ele tenta se distanciar da metafísica científica, mas vai
além a sua visão positivista: a História do homem ocorre de forma independente
ao progresso ou retrocesso, em que o fim principal acaba sendo “atividade
humana”, a sobrevivência. A observação de como o homem desenvolve sua cultura
ao tentar sobreviver é o método utilizado, em oposição à formulação de preceitos
anteriores para ver se são aplicáveis à realidade.
Como
principal característica, fato social possui a coercitividade, um sentimento o
qual “nos arrasta sem que o queiramos”. Ele pode estar presente desde o nosso
nascimento, por meio da educação que nos é dada quando crianças. Ou após a
convivência em grupo, como no exemplo dado pelo autor: “indivíduos, em geral
perfeitamente inofensivos, podem se deixar arrastar a atos de atrocidade quando
reunidos em multidão”, algo muito semelhante ao determinismo.
No
entanto, existe uma tendência para esses fatos sociais acontecerem sem que o
sintamos, pois se tornaram hábitos, e segundo o autor, tornam-se inúteis. Essa
característica não deixa de ser o que Descartes chamou de “senso comum”, Bacon
de “ídolos”, e que até os dias atuais os meios de propagação de informação em
geral utilizam para insensibilizar o senso crítico da população.
Aula 5- Juliane Siscari de Andrade, Direito Diurno
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