Quaisquer tradições culturais,
pautadas nas mais variadas vertentes axiológicas sobre as quais se ramificam os
grupos sociais, são sempre recalcadas sobre certos costumes que são de geração
em geração ensinados.
Tais
costumes, por inúmeras vezes, atingem nossas almas como flechas da mais
inquestionável verdade, tapando nossos olhos e deixando escapar à nossa
percepção que a sociedade atual é exacerbadamente dinâmica – e cada vez o é
mais – a ponto de, em questão de poucas décadas, trazer à legalidade valores
antes criminalizados, em detrimento de pragmáticos (pré) conceitos, agora
criminosos.
É
em crítica a essa estática imposição de verdades que René Descartes discorre em
seu “Discurso do Método”, expondo a razão humana como o necessário diferencial
para que superemos as incertezas que nos cercam, bem como para que rompamos com
a possibilidade de aceitar o que nos é dito, simplesmente porque alguém
considerado importante ou inteligente falou.
Questionar
sobre a origem dos fatos, e por qual razão um costume se manifesta em
determinada sociedade, torna-se intensamente relevante hoje, no seio de nossa
globalizada convivência, pois ajuda a dirimir preconceitos étnicos, sexuais,
raciais, religiosos e outros que outrora foram disseminados em regimes
ditatoriais e que em nosso Estado Democrático de Direito são inaceitáveis.
Por
fim, vale lembrar que cabe perfeitamente no sentimento humanitário que vem
sendo contemporaneamente corroborado, o que foi ressaltado por Descartes quando
discorreu sobre a importância dos estudos racionais e científicos, afirmando
que eles devem ser em benefício da humanidade, colaborando com a cura de
doenças e tantos outros males. De mais a mais, cabe dizer que o citado autor
demonstrou grande solidariedade para com as futuras gerações, afirmando que
"é verdade também que os nossos cuidados devem estender-se para mais longe
do tempo presente, e que convém omitir as coisas que talvez redundem em algum proveito
aos que estão vivos, quando é com o propósito de fazer outras que serão mais
úteis aos homens do futuro”. Se assim também pensarmos, destruiremos menos
nosso habitat e racionalizaremos nosso conhecimento em prol de nossos
herdeiros.
(texto referente à aula 2)
(texto referente à aula 2)
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