Augusto Comte em sua teoria positivista buscava a
compreensão das patologias sociais através da análise do real. Não lhe
interessava buscar as causas mais íntimas, mas sim as leis que regem essas
disfunções da sociedade. Segundo o positivismo a sociedade, assim como os
fenômenos naturais, possui leis regulares que regem os fenômenos sociais,
seguindo, assim, uma linearidade. Mantendo a linha de pensamento de Bacon,
Comte propõe uma filosofia de ação, de intervenção social.
A máxima positiva “Ordem e Progresso”, estampada em nossa
bandeira, não esteve presente só nos períodos de ditadura Varguista e Militar;
continua em nosso cotidiano. Para o filósofo francês, cada indivíduo possui seu
devido lugar na divisão social. Se este mesmo indivíduo cumprir sua função
corretamente a ordem será mantida e o progresso será atingido. Estas são as
duas leis lógicas de Comte, a “estática”, a qual seria a manutenção da ordem, e
a “dinâmica”, relacionada com a marcha efetiva do espírito humano; ou seja, o
desenvolvimento.
Entretanto, não haveria mobilidade de funções, cada um
estaria designado a ficar em seu papel. Essa estagnação seria transmitida
também aos descendentes, gerando assim uma sociedade “estratificada”. As
revoltas populares podem ser associadas com essa impossibilidade de mudança; se
todos são importantes para o bom funcionamento de uma organização por que há
diferença de salários? Por que há preconceito da maior parte dos indivíduos com
relação ao lixeiro e adoração ao médico? Nossos pensamentos também não estariam
“estratificados”?
Comte, portanto, estava correto ao afirmar que existem leis
reguladoras da sociedade, pois, pelo caminhar das coisas, não será neste
governo, nem no próximo, nem no próximo, que haverá possibilidade de mudança,
mantendo assim a divisão social.
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