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sexta-feira, 27 de abril de 2012

Busca pela cura social


            O positivismo de Augusto Comte surge como a conclusão da revolução iniciada por Francis Bacon e René Descartes. Essa filosofia é, muitas vezes, entendida de maneira equivocada, como se pregasse a simples conservação da ordem, de qualquer maneira, mas a filosofia de Comte, apesar de não ser nada perfeita, vai além disso. O positivismo carrega a defesa do método e tem sua máxima na busca pela ordem para garantir o progresso.
Comte afirma que é preciso curar as patologias da sociedade para garantir a ordem e, enfim, o bem comum. O positivismo sempre influenciou as políticas brasileiras, principalmente os tempos de governos rígidos e ditatoriais. Não é a toa que as melhores políticas sociais ocorreram em tempos de ditaduras, porque visavam curar as tais patologias sociais a fim de manter a ordem e evitar a revolução. No governo Vargas, por exemplo, foram criados os ministérios da educação, da saúde, do trabalho, todos para manter a ordem. O governador mineiro Antonio Carlos disse na revolução de 1930: “Façamos a revolução antes que o povo a faça”, porque o povo tem na revolução uma idéia de desordem, e esta para os positivistas seria o fim. Até na nossa bandeira o positivismo marca presença: ORDEM E PROGRESSO, ou seja, é preciso diagnosticar os desvios da ordem para garantir o progresso da nação.
Comte estuda também o que ele chama de ‘física social’, ele entende que a fisiologia dos indivíduos influencia os fenômenos sociais, como no caso do livro ‘Os Sertões’, de Euclides da Cunha, no qual, ao contar a história da Guerra de Canudos, dizendo que “O sertanejo é, antes de tudo, um forte”, mostra que aquela sociedade que mesmo sendo inofensiva, fugia da ordem, das leis e poderia ser um mau exemplo e, portanto, foi exterminada. Um exemplo extremamente atual, que nos mostra muito bem a influencia do positivismo de Comte nos dias atuais é o caso do Pinheirinho, no qual aquela comunidade era vista como uma célula cancerígena no corpo social e poderia influenciar (para o ‘mal’) o resto do corpo e por isso, foi também exterminada. O erro das idéias positivistas atuais é que, não se deve buscar a ordem somente pela força como ocorreu tanto no caso citado (Pinheirinho), quanto na desocupação da Cracolândia na cidade de São Paulo, na qual as pessoas foram simplesmente espalhadas à força, sem que houvesse uma política séria de cura para essa patologia.

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