O positivismo de Augusto Comte surge como a conclusão da revolução
iniciada por Francis Bacon e René Descartes. Essa filosofia é, muitas vezes, entendida
de maneira equivocada, como se pregasse a simples conservação da ordem, de
qualquer maneira, mas a filosofia de Comte, apesar de não ser nada perfeita,
vai além disso. O positivismo carrega a defesa do método e tem sua máxima na
busca pela ordem para garantir o progresso.
Comte afirma que é preciso curar
as patologias da sociedade para garantir a ordem e, enfim, o bem comum. O
positivismo sempre influenciou as políticas brasileiras, principalmente os
tempos de governos rígidos e ditatoriais. Não é a toa que as melhores políticas
sociais ocorreram em tempos de ditaduras, porque visavam curar as tais
patologias sociais a fim de manter a ordem e evitar a revolução. No governo
Vargas, por exemplo, foram criados os ministérios da educação, da saúde, do
trabalho, todos para manter a ordem. O governador mineiro Antonio Carlos disse na
revolução de 1930: “Façamos a revolução antes que o povo a faça”, porque o povo
tem na revolução uma idéia de desordem, e esta para os positivistas seria o
fim. Até na nossa bandeira o positivismo marca presença: ORDEM E PROGRESSO, ou
seja, é preciso diagnosticar os desvios da ordem para garantir o progresso da nação.
Comte estuda também o que ele
chama de ‘física social’, ele entende que a fisiologia dos indivíduos influencia
os fenômenos sociais, como no caso do livro ‘Os Sertões’, de Euclides da Cunha,
no qual, ao contar a história da Guerra de Canudos, dizendo que “O sertanejo é,
antes de tudo, um forte”, mostra que aquela sociedade que mesmo sendo inofensiva,
fugia da ordem, das leis e poderia ser um mau exemplo e, portanto, foi
exterminada. Um exemplo extremamente atual, que nos mostra muito bem a
influencia do positivismo de Comte nos dias atuais é o caso do Pinheirinho, no
qual aquela comunidade era vista como uma célula cancerígena no corpo social e
poderia influenciar (para o ‘mal’) o resto do corpo e por isso, foi também exterminada.
O erro das idéias positivistas atuais é que, não se deve buscar a ordem somente
pela força como ocorreu tanto no caso citado (Pinheirinho), quanto na desocupação
da Cracolândia na cidade de São Paulo, na qual as pessoas foram simplesmente
espalhadas à força, sem que houvesse uma política séria de cura para essa
patologia.
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