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sexta-feira, 6 de maio de 2011

Simples peças

Desde muito pequenos, somos moldados sutilmente, a fim de que possamos nos encaixar em padrões sociais estipulados bem antes de nossa existência. Somos submetidos à formas de comportamento, de vestimenta, de pensamento, rotuladas pela sociedade e suas instituições como "ideais", "adequadas". Estes padrões "vêm a cada um de nós do exterior e são suscetíveis de nos arrastar sem que queiramos", como já concluía Durkheim. Obedecemos leis formuladas anteriormente, seguimos ritos e cremos em dogmas religiosos previamente estabelecidos, utilizamos moedas e um sistema financeiro alicerçados há tempos. A nós resta apenas a inserção, visto que todos estes aspectos independem de nós para serem o que são, afinal já estavam devidamente consolidados. Tomamos, assim, a dimensão de simples peças que se movimentam segundo comandos no tabuleiro da sociedade.

Somos donos de nossas próprias ações dentro do âmbito abordado? Não, apenas nos enquadramos em padrões prévios. "Estamos, pois, diante de maneiras de agir, de pensar e de sentir que apresentam a propriedade marcante de existir fora das consciências individuais" e somos meramente "vítimas de uma ilusão..." quando "... acreditamos ser produto de nossa própria elaboração aquilo que nos é imposto do exterior", nas palavras de Durkheim. Segundo ele, não existe ninguém imune a sociedade, por mais revolucionário e contestador que possa ser.

E nós, apesar de simples peças que buscam o encaixe perfeito, somos também dotados de paixões, preferências, opiniões, credos,convicções. Como, então, analisaremos os fatos sociais que se apresentam a nós de maneira objetiva e isenta de juízos de valor? Seria o método instrumento capaz de conseguir tamanho distanciamento de nosso ser e nossos sentimentos? Durkheim acredita que sim e afirma ser perfeitamente possível. Para ele, tais fatos devem ser tratados como "coisas". Mas será que a realidade obedece às ordens de seu pensamento? E o sentir é sempre escravo da Razão? Inquietações que nos vêm ao debruçarmos sobre a visão de Durkheim, tão atual e presente.

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