A sociedade, em sua complexidade, é alvo de tentativas de compreensão há tempos por estudiosos. Uma das abordagens mais influentes nesse esforço foi o positivismo, que surgiu como uma tentativa de aplicar o método científico à vida social, propondo que, assim como os fenômenos da natureza, os fenômenos sociais pudessem ser observados, analisados e explicados por leis gerais e imutáveis. A partir dessa visão, o conhecimento científico seria a chave para promover a ordem (valor central) e o progresso (consequência direta) na sociedade.
Essa proposta conferiu à ciência um papel de autoridade normativa sobre a sociedade. O cientista social passou a ser visto como alguém capaz de diagnosticar os problemas sociais e prescrever soluções eficazes, tal como um médico trata um paciente. Com base nessa ideia, a sociedade foi comparada a um organismo, em que cada parte deveria cumprir uma função específica para manter todo o equilíbrio. A falta de ordem, assim sendo, é vista como uma anomalia, e o conflito como algo a ser retificado ou neutralizado.
No entanto, essa ideia ignora aspectos fundamentais da vida social. Ao reduzir a sociedade a um sistema funcional e previsível, o positivismo tende a desvalorizar (esvaziar) o conflito, a diversidade cultural e o papel transformador dos movimentos sociais. Essa racionalidade, quando aplicada à política e ao Direito, pode findar-se em uma forma de autoritarismo disfarçado de neutralidade científica.
O que
parece ser uma gestão objetiva da sociedade visando ordenamento pode, na
prática, significar a imposição de uma determinada perspectiva, muitas vezes
excludente, elitista ou com viés discriminatório. Tanto que, como é possível
observar em alguns casos, como as passeatas bolsonaristas, a desordem para certos
grupos como esses é a formação familiar diferente da que eles acreditam ser a “correta”:
um homem com uma mulher, ambos cisgênero.
Nicole
Sthefany Calabrezi – 1º ano – Matutino
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