Émile Durkheim foi um sociólogo francês reconhecido
por ter fundado o Funcionalismo, corrente que compreende a harmonia e a
estabilidade como as bases para o bom funcionamento da sociedade. Com isso, o
pensador apresentou dois tipos de solidariedades responsáveis por manter a
coesão social: a Solidariedade Mecânica e a Solidariedade Orgânica. Neste texto,
vamos priorizar a mecânica, a qual deriva das semelhanças entre os indivíduos,
o que cria a chamada consciência coletiva.
Segundo Durkheim, é justamente o senso de
igualdade (de pensar e agir) que faz com que os indivíduos se sintam parte do todo
e contribuam de maneira positiva para a vida em sociedade. Um crime, de acordo
com o sociólogo, nada mais é do que uma transgressão violenta da consciência coletiva,
causando ojeriza nos demais indivíduos e enfraquecendo a coesão social. Dessa
forma, faz-se necessária a aplicação de uma pena ao transgressor, não para
corrigi-lo, mas principalmente para ratificar a força da consciência coletiva e
manter a solidariedade social. Caso contrário, a coesão enfraqueceria e a
sociedade entraria num estado de anomia, caracterizado pela desintegração das normas
sociais.
Atualmente, o Brasil sofre com uma mazela
que advém desde o período colonial: a corrupção. Tal problema tem se tornado
cada vez mais latente, escancarado e – o pior – institucionalizado. Alvo de
promessas políticas e discursos demagógicos, a corrupção, além de tornar o
Estado mais ineficiente e dispendioso, é um ato que atenta contra a consciência
coletiva e que deveria ser devidamente punido para manter a solidariedade da
nação brasileira firme.
Entretanto, apesar de alguns casos culminarem
em sanções, a grande impressão da população é que a maior parte dos corruptos nunca
são sequer investigados, quiçá punidos, pelos seus atos. Assim, é nítida a
instauração de um estado de anomia no país, derivado, justamente, do
enfraquecimento da consciência coletiva causado pela noção de impunibilidade.
Com isso, a sociedade brasileira torna-se mais frágil, e seus indivíduos perdem
o desejo de contribuir positivamente para o seu desenvolvimento, principalmente
no que tange o valor da honestidade.
Portanto, em função desse declínio,
pode-se compreender uma gama de ações desonestas por parte considerável dos
brasileiros no cotidiano, como sonegar imposto, furar fila, falsificar
documentos, pirataria e várias outras. Vale ressaltar que este texto não
pretende justificar tais atitudes, tampouco colocar a impunibilidade da
corrupção como sua única causa. Porém, ao trazer o pensamento durkheimiano para
a realidade brasileira contemporânea, entende-se melhor como o fraco combate à corrupção
no Brasil impacta diariamente na consciência social e, consequentemente, nas
atitudes do brasileiro médio.
Tiago Zanola Ferranti, 1º ano - Matutino,
RA: 241221366
Nenhum comentário:
Postar um comentário