Um renomado professor da Unesp Carlos Eduardo de Abreu Boucault certo dia em sua aula inalgural disse: pensar dói. Um frase simples, porém, remonta um fenômeno social que aflinge nossa sociedade contemporânea e nos faz, enquanto povo, lamentar os absurdos cometidos em nome de ideias que não se fazem lógicas. Uma expressão dotada de profundo sentido, tão grande quanto a fatídica frase "penso, logo existo", fazendo-nos pensar sobre a relação do fanatismo e a ciência, e como um mundo tão conhecedor se tornou tão superficial.
Francis Bacon nos apresentou a mais de quatro séculos atrás uma ideia de metodologia científica, um método empírico, que tivesse como base o raciocínio, a realidade das experiências e a fuga de dogmas preestabelecidos pela sociedade, homem que morreu em decorrência a testes científicos, e que merece ser lembrado. Nesse contexto, anos se passaram e a humanidade evoluiu a ponto de levarmos o homem a lua, desenvolvermos vacinas em tempo recorde durante uma pandemia global, e nem por isso, certas pessoas deixaram de ser menos fanáticas, a ponto de negarem o óbvio.
O fanatismo tem sido o grande mal que assola nosso tempo, fanatismo esse que permeia toda uma sociedade, e que não está somente em um grupo político ou em algumas pessoas de classes sociais diferentes, está no circulo familiar. Quando acreditamos mais em pessoas que em ideias, quando debochamos de métodos científicos ao invés de questiona-los a altura. Foram quase 700.000 brasileiros que morreram em detrimento do fanatismo. Com isso vem a pergunta ainda sem resposta: Quantos mais na história teram que pagar o preço pelo negacionismo da ciência?
O fato é, que vivemos em tempos de facilidade, tudo está a um toque de distância, livros, saberes, conhecimentos e tudo que se pode imaginar. Quando o professor Boucault diz que pensar dói, ele oferece a resposta de um questionamento recorrente: Por que uma sociedade tão "tecnológica" e "conhecedora", mesmo no tempo em que a informação nunca esteve tão fácil e abundante, consegue ser infantil, ao ponto de ainda acreditar em mitos e ideias cujo a mínima razão facilmente desmentiria? Pensar requer tempo, esforço, podendo chegar a ser uma dor física, como já comprovado empiricamente por qualquer estudante de direito.
Sem dúvida, é doloroso a concepção de uma sociedade que em tempos de ciência, nega aquilo que a construiu, que a pavimentou enquanto sistema. Francis Bacon foi um pilar de um mundo que hoje nem mais o conhece, pai do empirismo moderno, que criou e cria aquilo que temos hoje. Qual seria a solução do fanatismo e dos empecilhos da verdade, senão a dor de pensar, o tempo de refletir e o trabalho de pesquisar.
Vinicius de Oliveira David, 1° ano de Direito,matutino, Unesp Franca.
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